Despesa com tratamento de acidentes com motos mais que dobra

Danilo Emerich e Renato Fonseca - Do Hoje em Dia
03/10/2012 às 11:21.
Atualizado em 22/11/2021 às 01:46

(Dione Afonso)

O auxiliar administrativo Diogo Vidal Mota, de 27 anos, ainda carrega no corpo as marcas de um trágico acidente de moto. De muleta, saindo de um hospital público, ele refaz uma dolorosa viagem pela memória, até fevereiro deste ano, quando a motocicleta em que estava foi atingida em cheio por um carro, no bairro Sagrada Família, região Leste de BH. Afastado do trabalho, o rapaz se recupera das fraturas na bacia e no tornozelo.
  Essa poderia ser apenas a história de mais um acidentado. Mas, em meio à guerra diária travada no trânsito, há milhares de casos semelhantes, demandando cifras milionárias dos serviços de saúde pública.
  O custo de internações por acidentes com motociclistas em Minas Gerais, pagas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mais que dobrou de 2008 a 2011, passando de R$ 6,8 milhões para R$ 14,3 milhões.
  De acordo com o Ministério da Saúde, o salto de 110% nos gastos acompanha o crescimento das internações. No ano passado, 8.169 motoqueiros foram hospitalizados, média de 22 por dia. Há quatro anos, o número de atendimentos foi de 4.466 (12 por dia).
 
Metade dos gastos concentra-se na capital. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, em 2011, o custo das 3.279 internações registradas superou os R$ 7 milhões.
  Minas acompanha a média nacional. No Brasil, o aumento das despesas hospitalares com vítimas de acidentes de moto foi de 113% entre 2008 e 2011. O gasto passou de R$ 45 milhões para R$ 96 milhões.
  O montante é quase metade (48%) das despesas do SUS com vítimas de acidentes de trânsito em todo o país, de R$ 200 milhões. “Os acidentes envolvendo motociclistas se transformaram em uma epidemia”, diz a coordenadora de Vigilância e Prevenção de Violência e Acidentes do Ministério da Saúde, Marta Silva.
  Para o presidente da Associação Mineira de Medicina de Tráfego (Ammetra), Fábio Nascimento, a única forma de conter os acidentes é punir as infrações – de motoristas e motociclistas – e realizar campanhas de conscientização permanentes. “É uma carnificina. Não bastasse o constante desrespeito aos pedestres e demais veículos, os motociclistas têm que entender que eles também são vítimas e estão se tornando os campeões de internações”.

Campanha
O projeto Vida no Trânsito, do governo federal, tenta conter os acidentes nas capitais desde 2010. A iniciativa inclui ações educativas, de engenharia e fiscalização, além de projetos especiais, por meio das parcerias entre os órgãos municipais, estaduais e outras entidades. “O processo de conscientização é feito a longo prazo”, afirma Marta Silva. Ela cita, como exemplo, o fato de os motoristas saberem dos riscos de beber e dirigir, mas continuarem ignorando a lei.   Acompanhe na Edição Digital a série que mostra os perigos para quem se desloca sobre duas rodas

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