Desrespeito ao isolamento social traz riscos para as ações contra a pandemia

Renata Galdino/Renata Evangelista
horizontes@hojeemdia.com.br
14/05/2020 às 19:59.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:30

(Maurício Vieira)

A baixa adesão ao isolamento social pode pôr a perder as ações de combate ao novo coronavírus. Mais pessoas circulando pelas ruas, em um momento que o número de infectados só cresce, tende a potencializar a disseminação da doença. Com 853 municípios, Minas Gerais acende o alerta ao bater a marca de quarta pior taxa de confinamento no país, com índice de apenas 39,2%

O levantamento é feito pela startup In Loco, que analisa a localização de 600 milhões de brasileiros por meio do GPS de celulares. Em BH, são 800 mil aparelhos monitorados, segundo a Secretaria Municipal de Planejamento, que tem, ainda, o reforço de dados enviados pelas operadoras de telefonia – nesse caso, a quantidade de equipamentos não foi informada. 

Atualmente, na capital, a taxa é de 50% de adesão ao isolamento. Titular da pasta, André Reis diz ser um número aceitável, visto que a curva da Covid-19 na cidade ainda é estável. 

Na manhã desta sexta-feira (15) o trânsito de veículos era intenso na avenida Nossa Senhora do Carmo. Confira o vídeo:

O índice também é considerado ideal pelo infectologista Unaí Tupinambás. Porém, com o Estado apresentando taxa abaixo de 40%, a situação é preocupante. Até o momento, 139 mineiros perderam a vida em decorrência da doença.

“O número de casos pode aumentar de forma exponencial, dobrando a cada quatro a dias. Isso levaria ao colapso do sistema de saúde e aumento da mortalidade”, alertou o médico, que integra o Comitê de Enfrentamento à Covid-19 criado em BH. 

O especialista reforça que, quem puder, deve permanecer em casa. O distanciamento social é, em todo o mundo, aposta para barrar a transmissão do vírus.

Sem essa medida, porém, os óbitos no Brasil podem chegar a 88.305 em 4 de agosto, conforme divulgou o Instituto de Métricas da Universidade de Washington. O pico de mortes foi projetado para 1º de julho, quando devem ser 1.024 registros só em 24 horas.

Procurada, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) informou ter assinado, em 30 de março, um termo de cessão de uso com a In Loco, possibilitando monitorar 3 milhões de celulares no território. “Esses dados são apenas uma amostra. Os resultados são usados como indicadores de ações necessárias ao enfrentamento da Covid-19”, destacou em nota.

Sobre o reflexo da baixa adesão ao confinamento na capital, a Secretaria Municipal de Saúde não encontrou fonte para comentar.

Além disso

Minas Gerais tem 1.680 casos de recuperados do novo coronavírus, divulgou ontem a Secretaria de Estado de Saúde (SES). Outros 2.131 infectados estão em acompanhamento. Essa foi a primeira vez em que o boletim epidemiológico passou a informar, além do número de doentes e de mortes, os dados referentes a pacientes curados e internados. Do total de pessoas com Covid-19 neste momento, 704 permanecem internadas e 1.583 em isolamento domiciliar.

Embora traga novos dados, o boletim epidemiológico não apresentará mais as notificações suspeitas da enfermidade, que ultrapassavam os 100 mil. Segundo a SES, os casos passam a ser registrados como Síndrome Gripal Inespecífica, por não preencherem critério para investigação laboratorial.

Segundo o titular da pasta, Carlos Eduardo Amaral, o novo boletim está alinhado com a metodologia do Ministério da Saúde e “tem o objetivo principal de facilitar a análise pela sociedade dos dados relevantes da Saúde neste momento de enfrentamento ao coronavírus”. 

O levantamento desta quinta-feira mostra também que Minas tem 3.950 casos confirmados e 139 mortes pela doença. São 217 novos diagnósticos e quatro óbitos nas últimas 24 horas.
 

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