(Seap/Divulgação)
A disputa está acirrada. Tem loira, morena, ruiva, mulata. Nesta sexta-feira (6), uma delas será escolhida a mais bela dos presídios mineiros. E quem está no páreo nem pensa em perder o título de Miss Prisional.
É o caso de Ingrid Suellen da Silva Dias, de 24 anos. A jovem é a representante do Complexo Penitenciário Estevão Pinto, na região Leste de Belo Horizonte, na final da competição.
Cumprindo pena por homicídio na unidade, desde 2017, a detenta não planejava participar do concurso. “Na primeira vez que comentaram sobre isso, em junho, uma colega de cela disse que tinha dado o meu nome. Mas falei que ela tinha endoidado”, relembra, aos risos.
Porém, quando as agentes penitenciárias distribuíram as fichas de inscrição, a mulher viu que poderia ser uma boa oportunidade. “Também chamei uma amiga para participar, porque ela é linda. E deu certo, estou na final”, contou Ingrid Suellen. A colega não passou.
Seleção
Em todo o Estado, 53 mulheres acauteladas em várias penitenciárias se candidataram ao Miss Prisional. Para chegar à final, elas tiveram que vencer as etapas regionais. A seleção foi além do critério beleza.
De acordo com a diretora de Atendimento da Estevão Pinto, Maristela Andrade, as presidiárias responderam a um questionário que apontou as habilidades intelectuais de cada uma. “Elas foram avaliadas no quesito conhecimento e participaram de palestras”, contou.
Depois, desfilaram para um júri, que escolheu a mais bela da fase preliminar. Agora, em um palco montado no complexo feminino de Belo Horizonte, seis delas decidirão quem levará a faixa. “É um tanto de sentimento misturado. Estou confiante”, afirma Ingrid Suellen.
Nova chance
Promovido pela Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap), o concurso busca ser muito mais que um evento de beleza. No processo seletivo, por exemplo, são abordados temas como importância da família e direitos femininos.
Para as detentas, a iniciativa eleva a autoestima das mulheres que desejam uma nova chance para recomeçar. “Nos empodera, nos lembra quem somos de verdade. Dá uma esperança de que podemos fazer tudo diferente quando sairmos daqui”, diz Ingrid Suellen, que deve ser beneficiada com o regime semiaberto em 2022.
As pessoas envolvidas com os preparativos destacam outros benefícios. “É uma oportunidade de trazer a sociedade para dentro da cadeia. Tem muita iniciativa boa aqui, uma realidade muito diferente do que dizem de negativo sobre os presídios”, ressalta Maristela Andrade.