(Flávio Tavares)
O diretor de projetos da Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), Ricardo Aroeira, transferiu para a gestão passada toda a responsabilidade de revisão dos projetos do viaduto Batalha dos Guararapes, que caiu em 3 de julho de 2014, matando duas pessoas e ferindo outras 23, sobre a avenida Pedro I, em Belo Horizonte. Ele foi ouvido no Ministério Público, na tarde desta sexta-feira (29), sobre o caso. Segundo o promotor de Defesa ao Patrimônio Público, Eduardo Nepomuceno, durante uma hora e meia, Ricardo Aroeira respondeu todas as perguntas do MP. Ele afirmou que na gestão dele, a partir de outubro 2013, não houve nenhuma nova revisão de projetos do viaduto Batalha dos Guararapes. Aroeira respondeu ao promotor que todos os procedimentos foram feitos na gestão de Maria Cristina Novais Araújo, que se aposentou no cargo. Segundo Nepomuceno, as informações prestadas pelo diretor entram em conflito com as declarações de Maria Cristina. “Ele também confirmou que a prefeitura não tem calculista. Os projetos são só conferidos formalmente, mas sem entrar no mérito de conferência dos cálculos. Ainda é precipitado qualquer posicionamento”, disse o promotor. Eduardo informou que vai analisar as provas e também aguarda a decisão da prefeitura se irá, ou não, construir uma trincheira no local onde existia o viaduto. O projeto passa por revisão orçamentária e esta fase deverá avançar até o fim do próximo mês. Não há prazo para encerrar a investigação. Na próxima semana, o ex-presidente da Sudecap, José Lauro Nogueira Terror, deverá ser ouvido pelo promotor. A oitiva está agendada para quarta-feira (3), no Ministério Público. Nessa quinta-feira (28), a assessora do diretor de projetos da Sudecap, Maria Geralda de Castro, foi ouvida pelo MP. O silêncio foi a estratégia escolhida. Segundo Eduardo Nepomuceno, ela assinou como responsável técnico do projeto e de sua eficiência, além de ter sido alertada sobre falhas no plano da construção do viaduto. Conforme o Hoje em Dia publicou nesta segunda-feira (25), um documento da investigação da queda do viaduto reforça a tese de tragédia desenhada e complica a situação do ex-secretário de Obras, José Lauro Nogueira Terror. Ele teria sido alertado, por e-mail, pela arquiteta e diretora aposentada de projetos da Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), Maria Cristina Novais Araújo, propondo a José Lauro a criação de uma comissão para avaliar o projeto. O pedido não foi atendido. O ex-secretário, hoje na presidência da Prodabel, nega ter sido avisado sobre os graves problemas do projeto.