TURISMO EM BH

Diretora da Belotur diz que folia é 'cartão de visita': ‘a gente buscou ser o melhor, não o maior’

roliveira@hojeemdia.com.brRaíssa Oliveira
20/02/2023 às 11:03.
Atualizado em 20/02/2023 às 11:07
Marah Costa é diretora de eventos da Belotur, empresa responsável pelo planejamento do Carnaval (Valéria Marques)

Marah Costa é diretora de eventos da Belotur, empresa responsável pelo planejamento do Carnaval (Valéria Marques)

Amado, ao que tudo indica, pela maioria dos belo-horizontinos, o Carnaval da capital tem conquistado o coração de turistas que vêm até aqui curtir a folia. Com expectativa de atrair ao menos 250 mil foliões de fora do Estado em 2023, a festa se tornou cartão de visitas para o turismo e divulga os atrativos da cidade para “além das montanhas”. A avaliação é de Marah Costa, diretora de eventos da Belotur - empresa responsável pelo planejamento da farra.

De acordo com a diretora, a festa proporciona um sentimento de “pertencimento” aos foliões. “Do ponto de vista do turismo, o que é mais importante é o pertencimento, o desenvolvimento econômico, a promoção de BH para fora, além montanhas, tanto do Carnaval quanto dos nossos artistas, cultura e das escolas de samba que envolvem uma cadeia econômica criativa gigantesca. Além dos ganhos econômicos, acho que o simbolismo cultural é extremamente relevante para divulgação da cidade”, diz.

Com números que projetam que a edição do Carnaval de BH em 2023 será a maior de todos os tempos, Marah Costa diz que não se deixa levar pela pressão do tamanho do evento. Em entrevista ao Hoje em Dia, a diretora da Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte - Belotur, revela os desafios e o investimento para realização do evento carnavalesco que, para ela, já é o “melhor do país”.

A PBH divulgou números que mostram que o Carnaval de 2023 pode ser o maior de todos os tempos. Quais os desafios a Belotur enfrenta para que isso seja concretizado?
Os desafios de um evento do porte do Carnaval, porque falamos da cidade como um todo, é conseguir integrar todos os órgãos públicos, entendendo que a operação desse evento envolve e impacta a cidade como um todo. Diferentemente de outras capitais, BH tem o Carnaval que é completamente descentralizado, ele não tem um circuito apenas, são 500. Para cada bloco que vai para rua é uma operação exclusiva. O maior desafio é equalizar todos os interesses, o dos blocos, dos moradores, do comércio, da mobilidade urbana, da segurança pública e da saúde e fazer com que isso funcione da melhor forma possível.

Como é a relação e o diálogo da Belotur com os moradores de regiões onde há grande número de blocos?
Cada vez mais o cidadão belo-horizontino consegue entender a importância do Carnaval para além da folia. Os moradores compreendem o que gera de desenvolvimento econômico, além da mudança comportamental do cidadão desde a projeção que BH teve, como que as pessoas têm mais orgulho e pertencimento. Essas demandas têm sido solucionadas com diálogo. O que gera desconforto no cidadão é quando ele não é informado, quando ele não sabe que a rua dele vai ser impactada. Quando ele tem conhecimento, você dá a opção para ele se programar. Todas essas relações têm sido aprimoradas e temos construído um diálogo muito positivo com Santa Tereza, Floresta e região Centro-Sul.

Qual o diferencial deste ano para que ele se torne o “maior da história”?
A gente não fala maior, a gente buscou nos últimos anos ser o melhor. Buscamos eficiência, qualidade na entrega operacional e um Carnaval que funcione. O maior é uma briga que a gente não fica. Temos um quantitativo de blocos muito parecido com o de 2019 para 2020, quando vimos que entramos numa constante de quantidade de blocos, agora eles estão aprimorando os desfiles.

Como a festa se tornou importante para a cidade? O que ela representa hoje?
Do ponto de vista do turismo, o que é mais importante é o pertencimento, o desenvolvimento econômico, a promoção de BH para fora, além montanhas, tanto do Carnaval quanto dos nossos artistas, cultura e das escolas de samba que envolvem uma cadeia econômica criativa gigantesca. Além dos ganhos econômicos, o simbolismo cultural é extremamente relevante.

O Carnaval se tornou um “cartão de visita” no sentido de apresentar a capital mineira como importante destino de turismo, cultura e lazer?
Com certeza. A gente tem um departamento de promoção e marketing que aproveita este momento para trazer, inclusive influenciadores para ter pessoas circulando na cidade que possam vender os nosso atrativos para além do Carnaval. Quando o folião vem para a festa o que tentamos oferecer é o que temos para além da folia. A gente fala da nossa gastronomia, estimula que os bares e restaurantes tradicionais funcionem, Pampulha com seu conjunto arquitetônico, Mercado Novo e nosso trabalho é para que a cidade aproveite esse momento para se vender. Acho que temos colhido bons frutos.

O que foi feito para atrair investimentos?
O trabalho da Belotur começou em junho para buscar parceiros e fomos percebendo que após a pandemia tivemos uma mudança de comportamento das empresas e da iniciativa privada. Adaptamos editais e mudamos formatos, mas os grandes parceiros que são os que ganham com o Carnaval acabaram não entrando. Mas a gente ficou muito feliz com o que conseguimos fazer na virada de chave, do final do ano para o início de janeiro, que é contemplar e integrar a produção da cidade. As cervejarias artesanais, que nunca tiveram espaço dentro do Carnaval porque eram engolidas pelas grandes cervejarias, ganham agora visibilidade.

Qual avaliação a PBH faz da arrecadação obtida nos últimos anos e do estimado para este ano? 
Os dados que temos em 2019 e 2020 falam em R$ 600 milhões de movimentação econômica, que geraram em torno de R$ 24 milhões em imposto ICMS (Estado) e ISS (Municipal). A gente tem uma rede hoteleira que antes ficava quase a zero de ocupação, na área central temos hoje com a carga máxima, bares e restaurantes que davam férias coletivas hoje abrem todos os dias e a folia vai de 4 a 26 de fevereiro. Então temos uma grande circulação de serviço.

O número estimado de 5 milhões foliões é real?
Acho que é importante explicar, 5 milhões não são pessoas em BH porque isso seria dobrar a população e seria impossível. Mas temos dois finais de semanas antes do feriado que reúne em torno de 500 mil pessoas em casa. E no feriado, falamos de um bloco que está com 200 mil pessoas, como o Então Brilha, que migram para outro bloco que começa na sequência, que é o Quando Come se Lambuza, e essas mesmas 200 mil voltam para o Centro da cidade, no bloco Faraó. Porque preciso contar essas mesmas pessoas por duas a três vezes? Porque preciso ter banheiro para elas o tempo inteiro. Meu planejamento conta folião por bloco que na somatória dá esse número de 5 milhões.

O Carnaval do ano que vem já está sendo pensado? A ideia é aumentar? A cidade tem capacidade para receber um carnaval maior?
Espero sempre que ele seja melhor. Maior, realmente 500 blocos é um quantitativo extremamente relevante, em uma diversidade superlegal e que podemos ofertar pro folião inúmeras possibilidades, a gente não se preocupa com a questão do maior. Quando olhamos os gráficos de 2013 até 2018 ele estava em uma crescente, saímos de 20 blocos para 300, 400 e 550. De 2018 para cá essa crescente é mais orgânica e não há muito salto.

O que a Belotur almeja? Quer o melhor Carnaval do Brasil? 
Falando do meu lado, o meu foco enquanto diretora de eventos é que tenhamos uma entrega cada vez mais cidadã, responsável e sustentável. Um Carnaval do porte que a gente faz tem preocupações que vão muito além da folia. A parte cultural já está ali, a gente enquanto Poder público tem outras preocupações. Temos uma parceria com a secretaria de Meio Ambiente, já plantamos mais 100 árvores e até o fim da folia vão ser mais de 400. Temos projeto com catadores e ambulantes de inclusão. Olhamos para o Carnaval como nosso projeto piloto de transformações de outras estruturas na sociedade. Trabalhamos campanhas de sensibilização, não é não, respeito a diversidade e eu acho que o Carnaval de BH nasce com muitas bandeiras, e eu acho que temos o papel de continuar tendo isso como foco.

É real pensar que BH pode chegar a ter o melhor Carnaval do Brasil?
Eu acho que o melhor ele já é. Não o maior, mas o melhor do nosso ponto de vista. Por tudo que comentamos e acho que a tendência é cada vez mais ser conhecido fora para conseguirmos olhar para fora das montanhas. Sair do jeitinho mineiro que faz muito bem, mas não conta para ninguém também. Durante a pandemia, BH criou uma rede de gestores do Carnaval para dialogar com o Ministério da Cultura e Turismo. Estamos puxando essas pautas e pesquisas do Google já mostram que o Carnaval de BH é o mais procurado. Mas não é competição, tem espaço para todo mundo.

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