(Lucas Prates)
Apesar da frota de 5.995 táxis, a capital mineira tem apenas um veículo especial para cadeirantes. Em tese, ele teria que atender, sozinho, os 53.139 belo-horizontinos completamente incapazes de se locomover sozinhos ou que têm grande dificuldade para isso, de acordo com o Censo 2010. A desproporção é gritante em relação a municípios como Juiz de Fora, na Zona da Mata. Na cidade, com população quase cinco vezes menor que a de BH, rodam dez carros. Pioneiro O primeiro táxi de Belo Horizonte adaptado para transportar cadeiras de rodas circula desde outubro de 2009. Em fevereiro deste ano, a BHTrans publicou no Diário Oficial do município a retomada do processo licitatório. O objetivo é colocar nas ruas mais 60 táxis acessíveis. O edital foi suspenso após liminar do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, depois que um dos interessados discordou da concessão de pontos aos candidatos por tempo de experiência. Em junho, a 4ª Vara da Fazenda Pública Municipal anulou o item por considerar que ele fere o princípio da igualdade. Há duas semanas, foi dada entrada em um recurso que vai prolongar ainda mais a licitação. Transtorno A funcionária pública federal Margarida Lages, de 46 anos, enfrentava, todos os dias, dificuldades para conseguir transporte. O transtorno só foi resolvido com a ajuda de um vizinho, dono de uma frota de carros para executivos. “Ao ver minha luta, ele comprou um carro maior, capaz de atender cadeirantes. Me ajuda e até desmonta a cadeira, mas o veículo não é adaptado”. Há alguns meses, Margarida esperou, por duas horas, um táxi na porta de um hospital. O desabafo da cadeirante foi parar nas redes sociais e sensibilizou os internautas. “Naquele dia, liguei várias vezes para as centrais e nenhuma pôde me atender. Em seguida, recorri aos veículos de rua. Só dois pararam, mas os motoristas se recusaram a guardar a cadeira e acabei tendo que descer”.