(Flávio Tavares)
O céu de Belo Horizonte no domingo estava cinza, mas não intimidou o colorido do carnaval e vários blocos foram às ruas esquentar os tambores. A chuva fez o “Juventude Bronzeada” mudar o local do seu terceiro ensaio este ano, que seria na Vila Dias, lugar aberto, e acabou sendo em baixo do Viaduto de Santa Tereza. Ainda assim, cerca de 200 pessoas, segundo os organizadores da festa, foram prestigiar. “Mesmo com chuva o ensaio rola lindamente. Acho que este ano o carnaval vai ser embaixo d'água, então, temos que começar a treinar assim”, disse uma das coordenadoras do bloco, Marcela Pieri.
Segundo ela, neste terceiro ano no carnaval de BH, o Juventude Bronzeada homenageia a cantora Daniela Mercury. “Teremos um momento me que só vamos tocar músicas interpretadas pela artista. Esse é o nosso primeiro carnaval temático”, conta. Marcela lembra que a folia em BH está só crescendo e acredita em um público ainda maior que o de 2015 seguindo o bloco este ano. “No nosso primeiro carnaval arrastamos cerca de 500 pessoas, ano passado foram 7 mil, agora acho que vamos ter mais que o dobro”, projeta.
Se depender de foliões como o pintor de autos Rogério Luiz Eterovik a folia vai ser mesmo grande. Aos 59 anos ele diz que tem duas paixões na vida, futebol e carnaval. Ele é mineiro, mas morou por 30 anos em São Paulo, onde tocou na bateria de grandes escolas, como a Gaviões da Fiel. De volta a BH desde o ano 2000 ele se surpreende com o carnaval da cidade. “Quando voltei as ruas ficavam um deserto neste período, agora fica tudo lotado e só cresce. E onde tem folia eu tô”, conta ele, que se programa para tocar em diversos blocos, inclusive a tradicional Banda Mole.
Brega
E quem acha que carnaval é apenas samba, o Brega promete embalar os foliões este ano. Estreando na festa de Momo em BH, o bloco “Beiço do Wando” fez seu primeiro ensaio aberto ao público ontem. Com a chuva, o evento que seria na rua Alagoas, na Savassi, foi transferido para dentro do Autêntica Bar, que fica na mesma via. Segundo Guilherme Lopes, organizador do grupo, cerca de 400 pessoas participaram. “Para o desfile no carnaval acredito que teremos uns 2 mil foliões com a gente, mas podemos nos surpreender”.
Ele conta que o bloco nasceu da vontade de 10 amigos, que desejavam participar do carnaval e sentiam falta da música brega na folia. Eles se reuniram, montaram a bateria, que conta hoje com 25 membros, fizeram camiseta, caneta, e colocaram o bloco na rua. Mas a bateria está só no começo, ela é aberta a quem quiser participar e promete ficar bem maior com tantos fãs desse estilo. “O carnaval de Belo Horizonte surgiu de um movimento de ocupação do espaço público, então, nossa bateria não podia ser diferente. Quem quiser pode chegar com seu instrumento e tocar. Fizemos arranjos bem simples, é só seguir as orientações e fazer parte da festa”, diz.
A professora Ana Paula, de 27 anos, ouviu o chamado. Há uma semana se juntou ao bloco. “Tinha programado de passar o carnaval no Rio de Janeiro, mas quero mudar agora, quero ficar aqui”, diz, se rendendo a folia da capital.