Dono de empresa de ônibus fica em silêncio na CPI da BHTrans e será convocado como testemunha

Hoje em Dia - Belo Horizonte
07/07/2021 às 21:48.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:21

(Bernardo Dias/CMBH)

O empresário do ramo de transportes, Roberto José Carvalho, adotou o silêncio e não respondeu a nenhuma das perguntas feitas pelos vereadores durante a reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da BHTrans, nesta quarta-feira (7). 

Ele estava acompanhado do advogado Leonardo Bandeira, que o orientou a permanecer em silêncio.

Sem as respostas do convidado, o presidente da CPI, vereador Gabriel Azevedo (sem partido), declarou que ele será novamente convocado a depor na condição de testemunha, que não dá o direito de ficar calado. “Como deve saber, nesse caso ele não poderá permanecer em silêncio e caso se recuse a participar será conduzido coercitivamente a esta comissão, e se desacatar algum membro terá a sua prisão decretada de imediato por este presidente”, afirmou Azevedo.

Mesmo diante do silêncio do empresário, os vereadores seguiram com as perguntas e trouxeram à CPI diversos documentos que apontam que embora o depoente não tenha confirmado, Roberto José Carvalho é também dono das empresas Trancid e Valadarense, que concorreram pelo mesmo consórcio que a Rodopass no processo licitatório feito pela prefeitura para a concessão dos serviços de transporte público da cidade, em 2008.

Os parlamentares também apresentaram documentos públicos que integram o inquérito civil instaurado pelo Ministério Público de Contas/MG, após investigações realizadas durante a operação Mar de Lama, da Polícia Federal em Governador Valadares e BH para investigar uma organização criminosa suspeita de desviar mais de R$1 bilhão. 

A documentação comprova pagamentos da Valadarense realizados na contabilidade da Rodopass,  impactando diretamente os cálculos para a definição do valor da tarifa das passagens na capital mineira. Também foi apresentada pela CPI cópia de nota fiscal de aluguel de espaço para festa faturada em nome da empresa no valor de R$45 mil, além de relatórios com hiperdimensionamento nos custos de operação do transporte público na cidade.

Há também planilhas com lançamentos de mais de R$ 2,7 milhões com a descrição "escola", que para a comissão, pode ser um codinome para disfarçar propinas. 

Foram exibidos, ainda, trechos de atas de reuniões, como uma em que um dos sócios do empresário pede para "descobrir filhos de advogados influentes, filhos de juízes para representar a Trancid, melhora a imagem e ajuda a ganhar causas".

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