Drama continua um ano após desabamento de prédio em BH

Fernando Zuba - Do Hoje em Dia
02/01/2013 às 10:24.
Atualizado em 21/11/2021 às 20:14

(Samuel Costa)

Uma pessoa morta, outra gravemente ferida e oito famílias, da noite para o dia, sem ter onde residir. Exatamente um ano depois do desabamento do prédio de dois andares e dois blocos, durante um temporal, em Belo Horizonte, ex-moradores do edifício do Carmo, então localizado na rua Passa Quatro, no bairro Caiçara, região Noroeste, lutam para resgatar, pelo menos, a dignidade.

Hoje, a maioria mora de favor ou de aluguel e não recebeu sequer algum tipo de auxílio. No local onde foi erguida a edificação, há cerca de 20 anos, continuam amontoados os destroços do prédio, e um trecho da rua permanece interditado.

Casado e pai de uma filha, o representante comercial Helvécio José Tibães, de 50 anos, relata, emocionado, que jamais pensou passar por situação tão humilhante.

Após 17 anos residindo no prédio que veio abaixo, ele foi obrigado a se mudar com toda a família para o porão da casa da mãe dele, um espaço de aproximadamente 40 m² que precisou ser improvisado com a ajuda de parentes e amigos.


Sequelas emocionais

“O prejuízo não se restringe ao campo financeiro. As sequelas emocionais geradas por essa tragédia são incalculáveis. Afinal de contas, 35 anos de muito trabalho viraram pó. Por sorte, nenhum membro da minha família estava no imóvel no momento da queda”, desabafa Tibães, diante dos escombros.

O representante comercial se ampara em um laudo produzido pela Polícia Civil para criticar o poder público e o Judiciário.  “Não tenho mais expectativas de que o problema seja solucionado e, por esse motivo, acredito que todos os moradores terão que arcar com os próprios prejuízos. Isso por causa do descaso da prefeitura da capital e da morosidade da Justiça em solucionar a questão”, considera a vítima, destacando que a construtora responsável pelo prédio decretou falência há alguns anos.


Sentimento de perda

O agente socioeducativo Glauco Peixoto Inácio, de 32 anos, residia com a mãe, há 15 anos, em um dos oito apartamentos do edifício do Carmo. O imóvel era herança do pai dele. Com o desabamento do prédio, mãe e filho foram amparados, inicialmente, por familiares, no município de Caeté, na Grande BH.

“O sentimento de perda deixa a pessoa anestesiada, sem ação. Sabíamos que seria necessário recomeçar do zero, pois todos os nossos pertences, incluindo um carro e uma moto, e também os nossos sonhos, ficaram sob os escombros”, relembra.

Atualmente, eles moram em uma pequena casa alugada no bairro Betânia, região Oeste da capital. O valor do contrato é de R$ 500 mensais. “Apesar da demora na resolução do caso, ainda tenho esperanças de receber uma indenização justa”, assinala o agente socioeducativo.
 
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