Exatos R$ 155 bilhões. Esse foi o valor exigido pelo Ministério Público Federal (MPF) de Minas Gerais em uma ação cívil contra as mineradoras Samarco, Vale e BHP. O órgão montou uma força-tarefa para investigar a tragédia socioambiental causada pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, na região Central de Minas.
O montante, estimado como valor preliminar, foi baseado nos gastos já realizados para reparar um desastre no Golfo do México, em 2010. Na época, a empresa British Petroleum, responsável pelo vazamento de barris de óleo, provocou mortes e danos nas águas marinhas.
As informações foram passadas na tarde desta terça-feira (3), em entrevista coletiva na sede do MPF, em Belo Horizonte. Os procuradores da República José Adércio Leite Sampaio, Eduardo Aguiar, Jorge Munhoz e Eduardo Santos de Oliveira, integrantes da força-tarefa, também cobram a responsabilização do governo federal e dos estados de Minas e do Espírito Santo.
A ação tem 359 páginas e foi ajuizada na segunda-feira (2) na 12ª Vara Federal. O texto tem dados levantados durante seis meses de investigação. São mais de 200 pedidos visando a reparação integral dos impactos sociais.
Responsabilização
Os órgãos do poder público têm responsabilidades, segundo o Ministério Público Federal, devido à concessão de licenças, falhas nas fiscalizações da barragem e medidas insatisfatórias para minimizar os efeitos do rompimento da barragem de Fundão.
A ação movida também pede o bloqueio de financiamentos públicos às mineradoras e a suspensão do pagamento de lucros das companhias.
O MPF questiona o acordo anterior, firmado entre a União, governos de Minas e do Espírito Santo e as mineradoras. O documento que definiu o pagamento de R$ 20 bilhões teria sido feito "de forma rápida e sem critérios técnicos capazes de medir o tamanho do desastre", disseram os procuradores.
Conforme a ação civil, será necessário que as empresas contratem uma auditoria independente, mediada pelo MPF, para avaliar os danos provocados pelo rompimento da estrutura na cidade mineira.
A Procuradoria Geral do Espírito Santo informou que não iria se manifestar sobre o assunto, tendo em vista que ainda não foi oficialmente notificada. A Advocacia Geral do Estado (AGE) também disse que não foi notificada.
A reportagem entrou em contato com a Samarco e a mineradora informou que não foi notificada. As assessorias da Vale e BHP não foram localizadas, mas e-mails foram enviados para ambas as empresas informando sobre a reportagem que estava sendo feita.