Vidas perdidas

Em BH, Covid mata mais em 2024 do que a maior epidemia de dengue da história

Desde janeiro, 76 pessoas morreram na capital após contrair o novo coronavírus. O número é 40% maior do que os 54 óbitos da enfermidade transmitida pelo Aedes aegypti

Renato Fonseca*
rfonseca@hojeemdia.com.br
Publicado em 03/06/2024 às 07:30.
 (Ascom HGF/Divulgação)
(Ascom HGF/Divulgação)

O terror trazido pela pandemia acabou, mas os riscos da Covid-19 ainda não podem ser ignorados, principalmente pela população mais vulnerável, como idosos e pessoas com doenças crônicas. Em Belo Horizonte, a infecção de transmissão respiratória mata mais em 2024 do que a maior epidemia de dengue da história, que tem decreto de emergência válido até agosto. Para médicos, a constatação reforça a urgência pela vacinação.

Desde janeiro, 76 pessoas morreram na capital após contrair o novo coronavírus. O número é 40% maior do que os 54 óbitos da enfermidade transmitida pelo Aedes aegypti. No Brasil, o cenário se repete: foram 3.567 mortes por Covid, contra 3.254.

Para o infectologista Carlos Starling, que integrou o Comitê de Combate à Pandemia em BH, a população ainda enfrenta epidemias simultâneas, mas distintas. O médico afirma que, assim como a dengue, a Covid veio para ficar. Para ele, é preciso aprender a conviver com as doenças, que contam com vacinas.

“A Covid-19 continua sendo um problema grave de saúde pública que não pode ser ignorado. Principalmente pelo fato de ser evitável por vacina e termos tratamento antiviral altamente efetivo para a fase aguda gratuito pelo SUS (Sistema Único de Saúde)”. 

Estevão Urbano, infectologista que atuou no mesmo comitê, reforça que a Covid ainda existe. “Não na forma pandêmica, mas endêmica. Ou seja, ela continuará a provocar problemas, inclusive óbitos, principalmente nos mais imunossuprimidos ou idosos. As pessoas devem se lembrar disso para não baixarem a guarda, tanto da vacinação quanto dos cuidados, como higienização das mãos”.

O médico também alertou para os riscos da Covid longa, que deixa sequelas nos pacientes. “A Covid não deve ser negligenciada. Uma coisa é estarmos felizes com a redução importante dos casos. Outra é acharmos que ela acabou, o que é absolutamente falso”, acrescenta Urbano.

200 profissionais vão reforçar equipes das unidades de saúde

A Prefeitura de Belo Horizonte informou que adotou várias ações para garantir assistência à população durante a maior epidemia de dengue da história da capital. Em janeiro, centros de saúde começaram a funcionar aos fins de semana. Outras medidas foram as aberturas de Centros de Atendimento às Arboviroses (CAAs) e Unidades de Reposição Volêmica (URVs), com funcionamento 24 horas, além de três hospitais – um de campanha e dois temporários. Teleconsultas também foram oferecidas. As ações de rotina para prevenção e combate aos focos do Aedes aegypt seguem na cidade.

Com relação à Covid-19, um “plano para o enfrentamento” está em andamento desde 10 de abril por conta da chegada do tempo seco, propício para o aumento das doenças respiratórias. Foram contratados mais de 200 profissionais para reforçar as equipes das unidades de saúde, inclusive das UPAs, além da abertura de mais 70 leitos hospitalares. Teleconsultas seguem sendo oferecidas. Outra ação de prevenção em andamento é a vacinação.

* Com Pedro Melo

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