Em carta, Bruno pede para que Macarrão assuma a culpa pela morte de Eliza

Ana Clara Otoni - Do Portal HD
07/07/2012 às 15:26.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:23
 (Luiz Costa/Arquivo Hoje em Dia)

(Luiz Costa/Arquivo Hoje em Dia)

Mais um capítulo se desdobra no caso Bruno depois da revelação de uma suposta carta escrita pelo ex-goleiro no presídio Nelson Hungria, em Contagem, para Luiz Henrique Romão, o Macarrão, na qual Bruno pediria ao amigo para assumir a culpa pela morte e desaparecimento da modelo Eliza Samudio; a informação foi divulgada neste sábado (7) pela revista Veja. No texto, de acordo com a reportagem, Bruno pediria a Macarrão para usar o "plano B". O ex-goleiro teria escrito: "Maka, eu não sei como dizer isso, mas conversei muito com os nossos advogados e eles chegaram a uma conclusão devido aos últimos acontecimentos e descobertas sobre o processo e investigações. Nós conversamos muito e eles acham que a melhor forma para resolvermos isso é usando o plano B", diz o texto. "Eu, sinceramente, não pediria isso pra você, mas hoje não temos que pensar em nós somente! Temos uma grande responsabilidade que são nossas crianças, então, meu irmão, peço que pense nisso e do fundo do meu coração me perdoe, eu sempre fui e sempre serei homem com você”.

A revista Veja teria tido acesso à carta por meio de uma interceptação de um agente penitenciário, que não foi identificado. A publicação afirma ainda que a carta é verdadeira e que teria passado por perícia, contudo não informa os nomes dos peritos e nem mesmo a data em que teria sido feita a inspensão. Neste sábado (7), Bruno completa dois anos de prisão, ele conquistou na Justiça o direito a liberdade condicional em relação ao processo de cárcere privado e lesão corporal de Eliza, mas precisa de um habeas corpus do Supremo Tribunal Federal (STF) para sair do presídio. Pelos crimes, Bruno foi condenado a quatro anos e seis meses de prisão. Em outro trecho, está escrito “você me disse que se precisasse você ficaria aqui e que era para eu nunca te abandonar. Então, irmão, chegou a hora”, diz a carta. Em seguida, ele pede perdão três vezes.

De acordo com a delegada Alessandra Wilke a carta é um elemento novo e não foi incluída no inquérito, que já foi concluído. "Eu não tive acesso a essa carta, fiquei sabendo pela revista. Agora, cabe à promotoria fazer pedido de vistas da carta, se for de interesse deles. A minha parte já foi concluída com o fim do inquérito", afirmou. A reportagem da revista trouxe ainda trechos de conversas entre ela e amigos, nas quais a modelo deixa claro que tinha medo de Bruno e que temia vir à Minas Gerais. "Terra do Bruno vou só com passagem de ida. Vão me matar lá", diz Eliza a um amigo que sugeriu a ela ter o filho em Minas. As conversas resgatadas pela revista fazem parte do laudo do computador de Eliza Samudio e que foram incluídos no inquérito. "Não só essas conversas [mostram a premedição do crime], mas também aquele vídeo no qual a Eliza aparece depois de ter sido agredida pela primeira vez pelo Bruno ela diz que ele ameaçou matá-la e esconder em um lugar onde ninguém acharia. Foi exatamente o que aconteceu", disse.

Em conversa com o Hoje em Dia, um dos advogados de defesa do ex-goleiro Bruno, Rui Pimenta, a carta é "cheia de equívocos" e digna de um "roteiro de novela mexicana". Ele disse desconher a carta e apontou vários questionamentos em relação ao teor do texto que desqualificam a interpretação da carta feita pela revista Veja. "A carta tem toda uma expressão sentimental, não existe isso de que o plano B seria uma trama para que Macarrão assumisse a morte e o desaparecimento da Eliza. Na verdade, Bruno pede perdão ao amigo", afirmou o advogado de Bruno, que reforçou um argumento usado desde que ele assumiu o caso de que Macarrão e Bruno teriam um relacionamento homossexual. Segundo Pimenta, o plano B seria o fim do relacionamento entre eles. "Na verdade ele termina aquele relacionamento, explicando ao Macarrão que não poderia mais vê-lo e atender aos desejos dele. A carta fala em amor, família e filhos, não tem nada a ver com crime", argumentou.

Rui Pimenta contou ainda que na segunda-feira (9) vai até a penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Grande BH, entregar um exemplar da revista ao jogador. "Ele vai achar graça disso tudo e da interpretação que fizeram dessa carta", disse.

Não há previsão para que o processo seja julgado em definitivo. A argumentação da defesa é de que Bruno é réu é primário e tem bons antecedentes e, por isso, deveria estar solto. A defesa de Luiz Henrique Romão, o Macarrão, procurada pela reportagem do Hoje em Dia não foi encontrada para se pronunciar sobre o caso. 

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