No mesmo dia em que Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pampulha, na Câmara Municipal, aprovou relatório final, com pedido de indiciamento de 11 pessoas, a Prefeitura de Belo Horizonte divulgou comunicado sobre a qualidade da água da lagoa afirmando que "hoje permitiria a navegação e esportes náuticos".
Os dados foram apurados em análise técnica realizada com amostras coletadas no último 3 de junho, referente ao período de março a maio deste ano. De acordo com a Prefeitura, a lagoa vem recebendo tratamento desde março, depois de ficar cerca de cinco meses sem - o contrato para utilização de produtos de limpeza havia terminado em setembro do ano passado, e um novo foi feito em março.
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Todos os 27 parâmetros analisados obtiveram resultado positivo, especialmente o que diz respeito à presença de indicadores da existência de elementos patogênicos (que transmitem doenças): do limite de até 2,5 mil NPM/100 ml do E. Coli, a Lagoa apresentou índice de 220 NPM/100 ml – ou seja, menos de 10% do limite total.
No comunicado, a PBH comparou a qualidade da água da Pampulha à do Rio Sena, em Paris, que teria apresentado, recentemente, resultados superiores a 1.000 NPM/100ml - o que inviabilizaria a prática de competições do triatlo e maratona aquática nas Olimpíadas, que começam mês que vem.
No caso da Lagoa da Pampulha, o executivo municipal garante, baseado em dados do relatório, que todos os indicadores estão abaixo do limite da Classe 3 – que é o padrão almejado pela Prefeitura de Belo Horizonte – e atende à resolução 357/2005 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).
Com essa condição, o espelho do cartão postal apresenta boa transparência, sem presença de floração de algas e de maus odores. A análise técnica da água da Pampulha foi feita pelo Laboratório Limnos Hidrobiologia e Limnologia, devidamente acreditado pela norma ABNT NBR ISSO/IEC (CRL 0462).
Na execução dos trabalhos é utilizada uma combinação de um biorremediador e de um remediador físico-químico. O primeiro tem a função de degradar o excesso de matéria orgânica (Demanda Bioquímica de Oxigênio - DBO) e reduzir a presença de coliformes fecais (E. coli). O outro reduz nível de fósforo e controlar a floração de algas na água. Ambos são registrados junto ao Ibama, já foram testados em outros lugares do Brasil e do exterior, com excelentes resultados.
Além do tratamento da qualidade das águas, a SMOBI afirma realizar diariamente a limpeza do espelho d’água da Lagoa. O volume diário de lixo recolhido é de cerca de 5 toneladas durante o período de estiagem e de 10 toneladas no período chuvoso.
Esgoto na lagoa
Em 2021, a Prefeitura de Belo Horizonte ajuizou uma ação judicial cobrando da Copasa um plano de trabalho para que 100% do esgoto na Bacia Hidrográfica da Pampulha fosse coletado e tratado, impedindo o despejo na Lagoa da Pampulha.
Como consequência, foi homologado na Justiça Federal um Plano de Ação que obriga a concessionária a atingir a meta da universalização por atendimento do sistema de esgotamento sanitário na Bacia da Pampulha em até 5 anos.
Das 9.759 ligações previstas no plano - das quais 7.038 em Contagem e 2.721 em Belo Horizonte -, já foram implantadas 3.476, ou 36% da meta. Deste total, 977 estão na capital.
* Com informações da PBH