'PERSISTÊNCIA'

Enem é desafio para maiores de 60 que sonham com segunda graduação

Raíssa Oliveira
raoliveira@hojeemdia.com.br
Publicado em 19/11/2022 às 08:00.
 (Maurício Vieira / Hoje em Dia)

(Maurício Vieira / Hoje em Dia)

'Eu quero é atividade'. É assim que o arquiteto aposentado Renato Melo Dolabella, de 61 anos, justifica a participação no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2022. Para se manter ativo, o candidato agora sonha em cursar Museologia ou Artes Visuais.

Renato Dolabella faz parte do seleto grupo de 799 mineiros com mais 60 anos que vão participar da prova neste domingo (20).

"Eu me aposentei há três anos e sinto necessidade de uma atividade produtiva. Um dia estava no dentista com minha tia e disse: 'vou fazer o Enem'. Ela imediatamente me chamou de doido, mas persisti. Quero atividade, ir para o campus, ter aulas", conta Renato Dolabella.

 Além dos 799 mineiros dessa faixa etária inscritos, quase 23 mil candidatos do Enem têm entre 31 e 59 anos.

Ciente do desafio, Renato recorreu a um curso preparatório para tentar competir com a "garotada". 

"Pensa, uma moçada com 17 anos, no gás da adolescência, e eu com 61? Estudei bastante, minha rotina diária era levantar, tomar café e depois estudar duas horas. À tarde, ia para o curso. Estudei matérias que não tinha visto no 2° grau", conta. 

O arquiteto ainda pontua as diferenças entre a atual forma de ingresso nas universidades e a prova de vestibular que realizou na década de 1980.

"Tentei vestibular três vezes, em 1980, 81 e 82. Fiz o curso de arquitetura e tive um escritório até 1994, mas a vida me encaminhou para a escola de Belas Artes. A profissão foi para computador e eu gosto de papel. Mas agora tenho mais maturidade e acredito que posso me sair bem na prova do Enem", avalia.

(Maurício Vieira / Hoje em Dia)

(Maurício Vieira / Hoje em Dia)

No último domingo (13), Renato foi até uma universidade na região Centro-Sul de BH, onde fez os testes de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias; Ciências Humanas e suas Tecnologias; e Redação. Para ele, o primeiro dia foi "puxado". 

"Achei apertado, fiz a redação e não consegui concluir todas. Nesse domingo vai ser mais difícil porque não sou bom em química. Mas sigo estudando, descansar deixo para depois. Descanso para mim é um café. Gosto de matemática e é minha esperança de boa nota". 

O arquiteto afirma que a chave é não desistir. "Perseverança, se eu não passar agora, ano que vem vou estudar sozinho, em casa, e fazer o Enem de novo. Tenho as apostilas. Imagina só um homem solteiro, 61 anos dentro de casa, tenho que arrumar uma atividade e não gosto de esporte", conta.  

Biologia é um 'sonho'

"Não desistir" também é um mantra para a professora Maria Aparecida Siman Frois, de 62 anos. Formada em matemática, ela já fez o Enem três vezes em busca do sonho de fazer Biologia. 

"Faço o Enem porque trabalho com o Ensino Médio, assim como meu marido, para vivenciarmos essa experiência. Nós temos um sonho de cursar Biologia. Eu me inscrevo todos os anos tentando uma vaga. Teve uma vez que passamos, mas os horários não batiam", lamenta. 

A professora conta que o objetivo é se desafiar em uma área que considera mais difícil. Para Maria Aparecida, nunca é tarde para aprender. "Sonho em fazer algo desafiador, gosto de desafios. Acho que a gente nunca sabe tudo. Nunca é tarde para a gente aprender mais, a vida já é um aprendizado", afirma. 

Enem

Neste domingo (20), 295 mil mineiros devem participar do segundo dia de maratona do Enem 2022. O teste é composto por 45 questões de matemática e 45 questões de ciências da natureza (biologia, física e química).

Horários 

  • Abertura dos portões: 12h
  • Fechamento dos portões: 13h
  • Início das provas: 13h30
  • Saída sem caderno de questões: 15h30
  • Saída com caderno de questões: 18h
  • Término das provas: 18h30
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