Entidades de classe rejeitam "importação" de médicos

Patrícia Santos Dumont - Do Hoje em Dia
26/01/2013 às 08:29.
Atualizado em 21/11/2021 às 21:11

(Frederico Haikal/Hoje em Dia)

A proposta de facilitar a entrada de médicos estrangeiros para atuar em áreas pouco atraentes no Brasil vem sendo repudiada por entidades da classe. Em Minas, a falta de profissionais, sobretudo em municípios do interior, está relacionada, segundo representantes da categoria, a uma política pública ineficiente.

“Não adianta achar que trazendo médico de onde quer que seja vai resolver. A falta de condições de atendimento e de infraestrutura vai continuar e, evidentemente, o problema vai se repetir”, argumenta o presidente do Sindicato dos Médicos de Minas Gerais (Sinmed-MG), Cristiano da Matta Machado.

Segundo ele, não faltam profissionais no Estado, mas uma distribuição adequada no território. A solução seria investir em concursos públicos, que permitiriam a ampliação do vínculo entre com o local de atuação, a criação de planos de carreira para fortalecer a categoria e a melhoria das condições de trabalho. “Todo trabalhador quer receber um salário digno, que garanta sua sobrevivência e de sua família”, acrescenta Machado. O piso salarial dos médicos é de R$ 9.800 mensais – para uma carga horária de 20 horas semanais.

O Ministério da Saúde informou, em nota, que a proposta em questão está sendo analisada. O projeto foi apresentado à presidente Dilma Rousseff no último dia 18. A sugestão é da Frente Nacional de Prefeitos (FNP) e da Associação Brasileira de Municípios (ABM).

Revolta

O presidente da Federação Nacional dos Médicos (Fenam), Geraldo Ferreira Filho, classifica a iniciativa como descabida. Segundo ele, a solução do governo é deixar o Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituições de Educação Superior Estrangeiras (Revalida) mais fácil para ampliar a chance de “importação” dos médicos. “Isso nós não vamos permitir. Se os médicos que formam aqui não aceitam se submeter às condições atuais, por que os estrangeiros se submeteriam?”.

Apesar de garantir que não houve lobby para baixar o grau de dificuldade do Revalida, teste aplicado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (Inep), o presidente da Associação Brasileira de Municípios (ABM), Eduardo Tadeu Pereira, afirma que a entidade considera a prova “um processo muito complicado para os médicos estrangeiros”.

Já o presidente da Associação Médica de Minas Gerais (AMMG), Lincoln Ferreira, aposta no teste como critério de avaliação. Para ele, médicos estrangeiros não têm formação para exercer a medicina no Brasil, ao se considerar as peculiaridades das enfermidades mais comuns no país.

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