Revoltou internautas

Envolvidos em caso de suspeita de injúria racial em Goiás começam a ser ouvidos pela Polícia Civil

Clara Mariz e Lucas Sanches
portal@hojeemdia.com.br
18/02/2022 às 17:15.
Atualizado em 18/02/2022 às 17:21

Um médico da cidade de Goiás, no interior do estado de mesmo nome, é investigado pela Polícia Civil após a publicação de um vídeo em que aparece acorrentando um homem negro dentro de um cômodo que parece fazer parte de uma fazenda do município. O caso ganhou repercussão logo após a divulgação no Instagram do profissional, na última quarta-feira (16).

Segundo a Polícia Civil goiana, os envolvidos no episódio começaram a ser ouvidos nesta sexta-feira (18). Nas imagens, é possível ouvir o suspeito dizendo "falei para estudar, não quer, agora vai ficar na minha senzala". O homem estava preso pelo pelos pés, mãos e pescoço e interage tranquilamente enquanto dá risadas com o médico. "Tenta fugir, pode ir embora", completa o profissional, enquanto registra a cena.

A publicação foi feita no Instagram do médico e foi alvo de diversas críticas. "Depois dizem que não existe racismo", escreveu um internauta. "Revoltante, estou sem palavras", comentou outra pessoa. Na manhã desta sexta-feira, o vídeo tinha sido apagado, e a página na rede social não possuía mais publicações.

A reportagem do Hoje em Dia não conseguiu contato com o médico responsável pelo vídeo.

Pedido de desculpas
Também pelo Instagram, mas em publicação nos Stories, o suspeito gravou uma série de vídeos ao lado do homem que foi acorrentado, dizendo que tudo não passou de "zoeira". "Foi como se fosse um filme, não teve intenção nenhuma de magoar, irritar, nenhuma apologia a nada", disse. Ele ainda afirmou que Camarão, como é chamado o homem acorrentado, é amigo dele, e reforçou o pedido de desculpas. 

"Ele é como meu pai, me ajuda com tudo", disse Camarão. "Quem colocou as correntes fui eu, e as argolas fui eu. Foi uma brincadeira, não era para magoar ninguém", concluiu o homem.

Injúria Racial
Segundo o Código Penal, no Artigo 140, injúria racial é definida como "ofensa à dignidade de alguém, com base em elementos referentes à sua raça, cor, etnia, religião, idade ou deficiência". Nesses casos, o responsável pode ser condenado à pena de prisão de um a três anos, além do pagamento de multa.

O crime se diferencia de racismo, em que a ofensa é direcionada a uma coletividade, como todas a etnias, e não a uma pessoa específica. Por sua vez, a condenação por racismo prevê pena de três meses a um ano, além do pagamento de multa.

Investigação
De acordo com a Polícia Civil de Goiás, o vídeo teria sido gravado em um local conhecido como Holanda. "A Delegacia da Cidade de Goiás irá apurar se o fato se trata apenas de uma brincadeira de profundo mau gosto ou de possível prática de constrangimento ilegal e injúria racial", confirmou. 

O médico responsável pela gravação, assim como o homem que foi acorrentado e a companheira dele começaram a ser ouvidos nesta sexta-feira. Até o momento, segundo a PC, a relação entre os dois homens não está esclarecida. 

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