Enquanto motoristas e pedestres estão às escuras em trechos da BR-040 e do Anel Rodoviário, no perímetro que abrange a Grande Belo Horizonte, órgãos públicos não se entendem sobre a responsabilidade da manutenção dos postes de luz instalados nas vias.
Na última segunda-feira, o Hoje em Dia percorreu alguns pontos das rodovias e constatou que a falta de luz representa riscos para quem passa por esses locais. Na 040, um deles é no acesso ao trevo do Belvedere, Centro-Sul da capital. Motoristas e pedestres são obrigados a percorrer 200 metros completamente na escuridão.
Já no sentido Ouro Preto, a situação piora. O trecho sem iluminação fica em uma curva, prejudicando a visibilidade de quem passa por lá. Pontos de embarque e desembarque de passageiros às margens da pista ficam imperceptíveis. Quem faz a travessia no local também percebe a dificuldade de visualizar obstáculos como galhos de árvores e desníveis da pista.
Em pelo menos nove trechos da 040, o condutor é obrigado a conviver com intervalos de até um quilômetro de total cegueira.
A rodovia está completamente às escuras, por exemplo, no viaduto da Mutuca. Para tentar diminuir a insegurança, condutores são obrigados a ampliar a visibilidade com os faróis, prejudicando quem trafega no sentido contrário.
Quem passa diariamente pelo Anel Rodoviário também encontra a mesma dificuldade nos pontos de acesso aos bairros Buritis e Betânia (região Oeste de BH) e avenida Amazonas, nos dois sentidos da via.
Sem a iluminação dos postes, riscos de acidentes. “A percepção do condutor fica menor, e o tempo de resposta do motorista em qualquer eventualidade é prejudicado”, explica Osias Batista, consultor em transporte e trânsito.
Perigo também para usuários de ônibus às margens da rodovia, que “passam despercebidos”. “O risco de atropelamento é potencializado, principalmente se ele estiver de roupa escura”. Nesses casos, o ideal é fazer a travessia em passarelas com iluminação adequada.
Além de contribuir com a insegurança, o engenheiro de transporte e trânsito Paulo Rogério da Silva Monteiro frisa que a penumbra ofusca a visão do condutor. “A pupila leva um tempo maior para se acostumar com o ambiente, favorecendo acidentes”.
Procuradas pela reportagem, a concessionária Via 040 – responsável pela conservação dos trechos –, a Prefeitura de Belo Horizonte, o governo do Estado, a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) informaram, em nota, não serem as responsáveis pela manutenção da iluminação nas rodovias dentro do perímetro urbano da Grande BH.