Esgoto a céu aberto na vizinhança do poder em Minas Gerais

Pedro Rotterdan - Do Hoje em Dia
09/11/2012 às 07:07.
Atualizado em 21/11/2021 às 18:02

(Lucas Prates)

Conviver com ratos, baratas e mau cheiro, por causa de um esgoto a céu aberto, virou rotina para os moradores da rua Itambi, no bairro São Benedito, em Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Com a chegada do período chuvoso, a situação piora por causa do lixo levado pela água suja. Nem mesmo a proximidade com a Cidade Administrativa, centro do poder do Estado, ajuda a resolver a situação.

Mãe de dois filhos, de 5 e 11 anos, a dona de casa Carla Rodrigues, de 27 anos, afirma que é complicado dar uma boa alimentação a eles.

“É rato entrando em casa toda hora. Barata de um lado para o outro. Não posso fazer comida para sobrar. Tem que comer tudo na hora. Os ratos mexem no lixo e tenho medo de trazerem doenças para meus filhos”, disse.
 
Entulho

Com as chuvas, lixos das partes mais altas do bairro São Benedito acabam se acumulando exatamente na rua Itambi, por ser mais baixa e plana. A tarefa de retirar o entulho é de quem mora no local, segundo a dona de casa Inagere Dias Paiva, de 64 anos.

“Temos que fazer mutirão para retirar o que vem com a água. Caso contrário, vai só acumulando”.

A chuva também leva água misturada a esgoto para a casa de Carla Rodrigues. “Acontece sempre que cai um temporal. E é uma correria grande para tirar os meninos e os móveis da inundação”.
 
Improvisos

A situação no local é tão crítica que, para as pessoas passarem de um lado ao outro da rua, foi preciso a construção de uma passarela. Mas ela foi feita por meio de uma “vaquinha” entre vizinhos.

“Cada um aqui deu R$ 10. Não dava para passar de um lado para outro. Essa foi a única solução encontrada. Mesmo assim, tem gente que cai na água, afinal, a ponte foi feita do jeito que deu”, disse a aposentada Geni Nogueira, de 74 anos.

Já sem esperanças de verem a rua em perfeitas condições, os vizinhos levam a situação com bom humor.

“Aqui só tem modelo. É gente na passarela o dia todo. Pena que algumas vezes acabamos caindo e nos machucando”, afirma Inagere Dias Paiva.

Cansados de esperar pela prefeitura, que alega que a rua é asfaltada, os moradores realizaram outra vaquinha para concretar a rua que, na verdade, era de terra.

“Desta vez, cada um deu R$ 50 e colocamos concreto sobre a terra. Ajudou muito, principalmente no período das chuvas”, disse Inagere. No entanto, a melhoria durou pouco. A Copasa, com a promessa de construir a rede de esgoto, quebrou tudo para colocar manilhas. Mas o sistema até hoje não foi instalado.

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