Quando o Carnaval de Belo Horizonte começou a ser revitalizado com os blocos de rua, há cerca de sete anos, a preocupação dos foliões era ocupar o espaço público com alegria e diversão. Hoje, em um momento de consolidação da festa na capital, boa parte dos grupos se preocupa com a qualidade da música apresentada para quem acompanha os cortejos.
O refinamento das muitas baterias presentes na cidade está diretamente relacionada ao trabalho desenvolvido na principal escola de formação de percussionistas de BH. No Núcleo de Estudos de Cultura Popular (Necup), foram formados cerca de 3 mil instrumentistas, entre amadores e profissionais.
Localizado no bairro Prado, zona Oeste da metrópole, o espaço oferece cursos pagos e gratuitos para interessados em diferentes ritmos, como samba, maracatu, afoxé e música cubana.
O programa mais famoso desenvolvido no local é a oficina Percussão Brasil, realizada às quartas-feiras, gratuitamente, para qualquer pessoa a partir de 9 anos que deseje aprender a tocar um instrumento de percussão. Nem é preciso levar o instrumento, pois o local fornece todo o material que os iniciantes precisam, como caixa, tamborim, repique, chocalho e surdo.
“O Necup formou muitos músicos e multiplicadores em quatro anos de existência. Nossos alunos e ex-alunos pertencem a várias baterias de blocos e escolas de samba. Há casos de quem aprendeu a tocar com a com a gente e hoje tem a música como um trabalho”, afirma o músico Rafael Leite, criador da iniciativa.
Parcerias
Além da formação de instrumentistas, o Necup se tornou referência como ponto de encontro para blocos de rua. Então Brilha, Alcova Libertina e Chama o Síndico são alguns exemplos de quem aproveitou o espaço para realizar ensaios e festas pré-carnavalescas.
Como o espaço nunca conseguiu patrocínio para a manutenção, a receita se dá por meio das aulas particulares e as festas pagas.
O núcleo também está aberto a parcerias, como a Parada Cervejeira, evento que será realizado com a Mixbeer nos dias 26 e 27, das 11h às 20h, em frente ao espaço. O desfile contará com dois blocos carnavalescos que nasceram no Necup – Percussão Brasil e U’Bloco – além das baterias das escolas de samba Imperador e Imperatriz. A mesma estrutura será usada para um Carnaval infantil do espaço, que acontece no dia 25.
Natanael Moreira, de 31 anos, é um exemplo de quem viu a vida se transformar com a música. No início do Necup, ele foi convidado a participar da oficina Percussão Brasil. “Não sabia tocar nada quando cheguei. Mas fui aprendendo e a música foi muito importante para mim, pois me deu autoestima. Eu conciliava faculdade e trabalho na época e estava com grande depressão”, diz Natanael, que hoje é músico.
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