Especialistas apontam inércia da PBH em obras contra enchente

Danilo Emerich - Do Hoje em Dia
18/11/2012 às 07:54.
Atualizado em 21/11/2021 às 18:22

(Luiz Costa/15.11.2012)

Assim como não consegue ser “babá” dos belo-horizontinos vítimas dos danos causados pela chuva, como insinuou o prefeito Marcio Lacerda, na sexta-feira (16), ao responsabilizar a população por parte do problema, o poder público municipal não cumpre também seu papel de executar as obras de prevenção.

Especialistas lembram que enchentes ocorrem, há anos, sempre nos mesmos locais da capital e que o problema maior é a falta de planejamento. Desde 2009, 82 pontos estão sinalizados com placas de alerta sobre áreas propensas a enchentes.

Há dois meses, R$ 807 milhões foram autorizados pelo governo federal para obras de ampliação de galerias pluviais. Porém, a falta de projetos impede a União de liberar o dinheiro.
 
Finalidade

Os recursos são destinados a construção de novas galerias ou a ampliação das existentes em avenidas como Bernardo Vasconcelos, Cristiano Machado, Tereza Cristina e Francisco Sá.

Todas se transformaram em verdadeiros rios no temporal de quinta-feira (15). Carros foram arrastados. Uma pessoa morreu. “Sabemos quais são os problemas há muitos anos, mas esses pontos não têm obras. É dever do prefeito pleitear recursos usando o plano municipal de redução de risco”, diz a ex-presidente e consultora do Instituto de Arquitetos do Brasil, Cláudia Pires. A prefeitura afirma que vai se concentrar, em 2013, na elaboração dos projetos necessários à liberação dos R$ 807 milhões. Mas Lacerda avisou: as obras levarão entre cinco e dez anos para ficar prontas.

Contestação

Especialista em hidrologia urbana, o engenheiro Nilo de Oliveira afirma ser possível resolver a questão antes. “Basta existir um diagnóstico da situação, o que já temos, projetos e recursos”.

“Atribuir a culpa pelas enchentes à população simplifica a questão”, diz o demógrafo e planejador urbano Alisson Barbieri. Se pontos de inundação surgiram em áreas historicamente seguras, afirma ele, foi porque o poder público falhou em suas políticas de ocupação da cidade e não fez investimentos correspondentes ao adensamento. A assessoria de imprensa da prefeitura informou no último sábado (17) que ninguém do Programa de Recuperação Ambiental de Belo Horizonte (Drenurbs) ou da Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) estava disponível para falar sobre o assunto.

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