Especialistas criticam excesso de exposição e espetacularização no julgamento de Bruno

Ernesto Braga - Hoje em Dia
10/03/2013 às 08:36.
Atualizado em 21/11/2021 às 01:45
 (Samuel Costa)

(Samuel Costa)

A troca de farpas entre defesa e acusação foi a tônica durante os quatro dias de julgamento do goleiro Bruno Fernandes. Até mesmo ataques pessoais foram usados como estratégia para tentar desestabilizar o oponente. Para quem assistia ao “espetáculo”, restou a pergunta: qual é o limite ético dentro de um salão do júri? Vale qualquer coisa para se defender um cliente?

Para a mestre em Ciências Penais Silvana Lobo, coordenadora do curso de Direito da Universidade Fumec, a exposição pessoal dos advogados favoreceu a acusação.“A quantidade de advogados do goleiro Bruno Fernandes, a diversidade de teses criadas por eles no decorrer do processo e a grande exposição do caso na mídia causaram imenso prejuízo à defesa do réu”.

Atenta ao desenrolar do julgamento no fórum Doutor Pedro Aleixo, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, a especialista apontou falhas que, segundo ela, resultaram na pena de 22 anos e três meses de prisão aplicada a Bruno pelo assassinato de Eliza Samudio, além de sequestro e cárcere privado de Bruninho, filho do goleiro com a vítima. “Uma coisa séria virou discussão televisiva”, avalia.

Ela fez uma comparação com o julgamento de Gil Rugai, condenado em São Paulo, no mês passado, pelo assassinato do pai, Luís Carlos Rugai, e da madrasta, Alessandra Troitino. Silvana ressalta que, neste caso, não houve exposição excessiva da defesa. Ele aguarda recurso em liberdade.

O criminalista e ex-procurador de Justiça Antônio Francisco Patente prefere não comentar a conduta dos operadores do direito envolvidos no julgamento de Bruno e demais acusados. Mas ele condenou o que classificou de “espetacularização do processo”.

“Transformaram o caso num espetáculo público. Para que isso não ocorra, sou a favor de que julgamentos dessa magnitude sejam televisionados na íntegra, como ocorreu com o do Mensalão, pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Com as pessoas tendo acesso a todas as imagens, elas podem tirar suas próprias conclusões”.

 

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por