Estudantes da UFMG reagem ao medo e exigem catracas na portaria

Iêva Tatiana - Hoje em Dia
Publicado em 06/05/2015 às 06:22.Atualizado em 16/11/2021 às 23:54.
 (Ricardo Bastos/Hoje em Dia)
(Ricardo Bastos/Hoje em Dia)

Um dia após o Hoje em Dia publicar matéria sobre uso e tráfico de drogas no campus da Faculdade de Direito da UFMG, alunos da instituição se mobilizaram para reivindicar ações da diretoria. Nesta terça-feira (5), começou a circular um abaixo-assinado pela revitalização do terceiro andar do prédio – conhecido como “território livre” e onde se concentra a ação de traficantes e usuários – e pela instalação de catracas nas portarias.


A equipe de reportagem voltou ao local para verificar a repercussão do caso entre estudantes e foi logo abordada por um grupo na porta do edifício. De acordo com alunos, a sensação no campus é de medo, principalmente para quem estuda à noite.


“Muitas alunas não andam desacompanhadas, porque temem ser abordadas por estranhos. Outras não vão mais ao banheiro nem à biblioteca”, disse uma estudante, que pediu para não ser identificada.

Estudantes da UFMG reagem ao medo e exigem catracas na portaria

INDIGNAÇÃO – Vários universitários aderiram ao abaixo-assinado, que exige instalação de catracas para controle do acesso à Faculdade de Direito (Foto: Eugênio Moraes/Hoje em Dia)


Reação


A iniciativa de recolher assinaturas foi de uma aluna do oitavo período, que também optou pelo anonimato em razão do “histórico de retaliações”. Segundo ela, nenhum membro da diretoria comentou o assunto nem se posicionou a respeito.


“Os professores também não falaram nada, mas muitos compartilharam a notícia nas redes sociais concordando com ela. Já os alunos formaram fila para preencher o abaixo-assinado. Nossa expectativa é recolher pelo menos mil assinaturas”, adiantou.


Resposta


A direção da Faculdade de Direito foi novamente procurada para falar das denúncias. Em nota, afirmou que está ciente do problema desde o último dia 14, quando foi informada pela ouvidoria da UFMG sobre “ameaças e má utilização dos espaços coletivos dentro da instituição”.


Conforme o texto, a instituição encaminhou ofícios ao Ministério Público Federal e ao Ministério Público do Estado de Minas Gerais constatando que a apuração das denúncias “está além das competências outorgadas à diretoria, por se tratar de fato, em tese, prescrito na lei penal”.


A nota diz ainda que a Faculdade de Direito está à disposição para contribuir com as investigações e que estuda a adoção de medidas para reforçar a segurança no campus.


A revitalização dos espaços de convivência, o controle do ingresso ao prédio da Faculdade de Direito e o reforço no efetivo de segurança são as medidas que vêm sendo estudadas pela instituição, segundo nota enviada à imprensa


Porta aberta para o tráfico na escola de direito da UFMG

AULA DO CRIME – Jovens que não pertencem à comunidade estudantil usam o terceiro andar da Faculdade de Direito para atividades suspeitas (Foto: Ricardo Bastos/Hoje em Dia)


Instituições representativas do direito se esquivam de polêmica e evitam falar


O Hoje em Dia procurou instituições representativas do direito para repercutir as denúncias feitas por alunos do curso da UFMG. A Associação dos Magistrados Mineiros (Amagis) informou, por meio da assessoria, que não conseguiu contactar nenhum porta-voz para comentar o assunto dessa terça-feira .


Até o fechamento desta edição, a Ordem dos Advogados do Brasil, seção Minas Gerais, não havia dado resposta. Também procurado, o Sindicato dos Professores de Universidades Federais de Belo Horizonte e Montes Claros (APU-BH) informou que os diretores decidiram não se pronunciar sobre o ocorrido e que não vão se manifestar, por enquanto.


Outros casos


Na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich), no campus Pampulha, onde também foram relatados problemas relacionados ao tráfico e uso de entorpecentes, a principal medida adotada foi a transferência da sede do Diretório Acadêmico (DA) – onde aconteciam as irregularidades – para outro prédio, instalado em local com maior visibilidade.


“A situação melhorou muito, diria que está 95% controlada. Os alunos têm dado esse retorno”, afirmou o diretor da Fafich, Fernando Filgueiras. Segundo ele, além da transferência do DA, a direção da faculdade estuda recuperar o antigo prédio, mas a ação esbarra na burocracia.


“Aguardamos recursos da Pró-reitoria de Administração da UFMG, que é a responsável técnica por esse tipo de trabalho”, explicou Filgueiras, antecipando que algumas intervenções fogem da alçada da direção da Fafich.


Precariedade


No mês passado, a direção da Fafich havia anunciado que as primeiras medidas a serem adotadas seriam o aumento do fluxo de seguranças e a redução do intervalo em que os vigilantes circulam pelo local.


Na época, também foram relatados problemas na Universidade Federal de Uberlândia, no Triângulo, na de Ouro Preto, na região Central, e na de São João del-Rei, no Campo das Vertentes.

Após denúncia de tráfico, estudantes da UFMG exigem catracas na portaria

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