MIAMI – Um novo estudo sugere que idosos que praticam exercícios de computador específicos de treinamento que avaliam a rapidez com que respondem aos estímulos visuais podem ter uma chance 29% menor de desenvolver demência.
O estudo clínico realizado com mais de 2.800 pessoas, financiado pelos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos, usou um exercício específico de treinamento cerebral chamado “Dupla Decisão”, um programa patenteado pela empresa Posit Science que está disponível em brainhq.com.
Os exercícios testaram a capacidade de uma pessoa de olhar um objeto no centro da tela, como um caminhão, e clicar em um objeto que surgiu no canto, como um carro. À medida que o usuário melhora, os exercícios se tornam mais rápidos e mais difíceis.
A ideia é exercitar a capacidade do cérebro de mudar – conhecida como plasticidade – e testar habilidades de percepção, tomada de decisão, pensamento e memória.
Os autores da pesquisa dizem que o processo é como aprender a andar de bicicleta, uma habilidade que não se leva muito tempo para aprender e que provoca uma mudança duradoura no cérebro.
Os participantes tinham em média 74 anos quando se matricularam no estudo Advanced Cognitive Training for Independent and Vital Elderly (Active).
Foram publicados dezenas de estudos científicos revisados por pares usando dados do Active, que já completou 10 anos de acompanhamento.
Processo
Os participantes foram divididos aleatoriamente em quatro grupos: um fez exercícios de computador, um segundo fez uma série de exercícios de memória tradicionais, outro fez exercícios de raciocínio e o quarto, um grupo de controle, não fez nada.
Aqueles participantes do grupo de exercícios de computador fizeram pelo menos 10 horas de treinamento nas primeiras cinco semanas do programa.
Alguns passaram a fazer mais treinamentos nos próximos três anos, chegando até um total de 18 horas de trabalho em computador.
“A velocidade de treinamento de processamento resultou em um menor risco de demência ao longo do período de 10 anos de, em média, 29% em relação ao grupo de controle”, revelou o autor principal do levantamento, Jerri Edwards, pesquisador da Universidade do Sul da Flórida.
Não houve diferenças significativas no risco de demência para os grupos de exercícios de raciocínio e de exercícios de memória tradicionais.
Os resultados foram publicados em uma revista revisada por pares da Associação de Alzheimer, conhecida como Alzheimer’s and Dementia: Translational Research and Clinical Interventions.