Eternas vítimas da falta de prevenção contra as chuvas

Renato Fonseca - Do Hoje em Dia
16/09/2012 às 09:52.
Atualizado em 22/11/2021 às 01:19
 (Flávio Tavares)

(Flávio Tavares)

De um dos cômodos da antiga casa no Centro de Jeceaba, região Central de Minas, a aposentada Etelck Pereira, de 84 anos, avista o que sobrou do telhado. A avalanche de lama e água decorrente da cheia do rio Paraopeba, durante as chuvas do início do ano, derrubou paredes e destruiu os fundos da residência, condenada pela Defesa Civil. “Se alguém tivesse pensado em uma forma de não deixar o rio subir tanto, fazendo qualquer obra que fosse para conter a força dessa água, talvez eu ainda estivesse morando aqui com a minha família”, diz Etelck, que teve de ser levada para um abrigo improvisado na estação ferroviária da cidade.   Lentidão   O descaso com a precaução ao desastre ocorrido na vida da aposentada não é isolado, e situações semelhantes têm tudo para se repetir na próxima temporada de chuvas. Pelo menos até julho de 2013, nenhuma das grandes obras de prevenção autorizadas pelo governo federal para Minas Gerais será iniciada, segundo a própria Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas (Setop).    A União garantiu, no início do mês, R$ 546 milhões para obras estruturais, remoção de famílias de áreas de risco e drenagens de cursos d’água. Porém, como são ações complexas – que dependem de projetos, equipes qualificadas para elaborá-los e financiamentos –, a conclusão pode levar até quatro anos.   Apesar da longa espera, o subsecretário de Infraestrutura da Setop, Bruno Oliveira Alencar, afirma que a liberação dos recursos para prevenção é um avanço. “É inovador. É um passo histórico. Pela primeira vez se gasta dinheiro com grandes obras de prevenção. Estamos evitando mortes futuras. Na verdade, demorou mais de cem anos para isso ocorrer”, diz o subsecretário.   Mais verbas   Além das obras de drenagem, o governo federal sinaliza a liberação de mais R$ 352 milhões para intervenções em encostas em municípios mineiros, mas sem qualquer previsão de prazo.    A falta de prevenção justifica o saldo negativo da última temporada de chuvas. Vinte pessoas morreram e 239 municípios decretaram situação de emergência, com mais de 3,6 milhões de pessoas afetadas.   Em muitas cidades, o socorro ainda não chegou, como vai mostrar a série de reportagens “Castigados pela chuva”. O Hoje em Dia percorreu os principais municípios afetados pelas tempestades do fim de 2011 e do início deste ano e constatou: o pesadelo de quem perdeu tudo na enchente está longe de acabar.    Leia mais na Edição Digital

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