Metade dos acidentes de trânsito em Minas é provocada por falta de atenção dos motoristas. Ouvir música alta, traçar a rota do GPS com o carro em movimento e, claro, não largar a mão do celular são atitudes capazes de favorecer batidas, capotagens e atropelamentos. O alerta contra os descuidos ao volante é reforçado nesta última semana das férias de julho, quando muitos condutores vão pegar estrada para voltar para casa.
Só no primeiro semestre deste ano, 143.314 acidentes foram registrados no território mineiro. Segundo as autoridades, a desatenção foi apontada como “causa presumida” em 69.352 registros. O levantamento é da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp).
Os números são elevados e preocupam, aponta o diretor científico da Associação Mineira de Medicina do Tráfego (Ammetra), Alysson Coimbra, que também citou outros descuidos frequentemente cometidos pelos motoristas, como ajustar o rádio ou outros controles do veículo e consumir alimentos ou bebidas. Segundo o médico, os “eventos evitáveis” colocam em risco a vida de todos presentes no trânsito.
Alysson Coimbra afirma que o ato de digitar uma mensagem ao volante leva o condutor a dirigir muitos metros sem olhar para a pista. Em média, o motorista chega a ficar 4,5 segundos sem prestar atenção na via.
O especialista reforça que o envio de mensagens pelo WhatsApp, enquanto se conduz um veículo a 80 km/h, é equivalente ao ato de dirigir com os olhos vendados por um percurso das dimensões de um campo de futebol – de 100 a 110 metros.
Além do uso do celular, a falta de atenção no trânsito pode estar relacionada a outros fatores, com alterações de humor, irritabilidade, ansiedade e depressão. De acordo com o médico, tudo pode contribuir para comportamentos inseguros no trânsito.
Como enfrentar a falta de atenção no trânsito?
Para Alysson, são necessárias intervenções que corrijam a causa da desatenção no trânsito, como o investimento na assistência à saúde mental e psicológica da população. Além disso, o médico afirma que é fundamental que seja implementada uma nova periodicidade da avaliação psicológica dos motoristas.
Atualmente, os condutores realizam o exame psicotécnico, que avalia traços de personalidade e cognição do condutor, apenas no momento de tirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
* Estagiário sob supervisão de Renato Fonseca