Falta de atenção é a principal causa de acidentes com pedestres e motociclistas em BH

Danilo Emerich – Hoje em Dia
27/04/2015 às 19:51.
Atualizado em 16/11/2021 às 23:48

(Rafael Gaia/ Divulgação)

Mais da metade dos acidentes de trânsito em Belo Horizonte, envolvendo motociclistas ou pedestres, durante o horário comercial, ocorre devido a falta de atenção do motorista. É o que aponta um estudo do Programa de Pós-Graduação da Promoção da Saúde e Prevenção da Violência da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UMFG), em parceria com a BHTrans e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).   O autor da pesquisa é Ronaro de Andrade Ferreira, que integra a Gerência de Educação da BHTrans. Ele contou com a participação de outras seis pessoas para coletar informações de 678 acidentes entre julho de 2012 e junho de 2014.   “Sabíamos que não íamos dar contar de analisar todos os acidentes. Focamos em acidentes que envolviam pedestres ou motociclistas. Quando havia um chamado no Samu, éramos notificados e deslocávamos ao local do acidente”, afirmou Ronaro.   Segundo o pesquisador, em apenas dois acidentes houve presença de pessoas que ingeriram álcool. “Se tivéssemos analisado batidas a noite e madrugada, com certeza teríamos muito mais deste fator nas ocorrências. Então, neste motivo, nosso dado é falho. A pesquisa avalia apenas o horário diurno/vespertino”, afirmou.   Dados   Em todos os acidentes foram identificados 1.768 fatores diferentes para a ocorrência dos mesmos. E média, toda ocorrência tinha entre três a quatro motivos simultâneos. Entre as causas mais comuns estão: Falta de atenção (380 acidentes, 56%); Falha ao olhar o trânsito (194, 28%); Local impróprio para travessia do pedestre (83, 12,2%); Pedestre descuidado, com pressa ou desatento (82, 12%); Falha ao julgar trajetória, espaço ou velocidade (82, 12%); e distância entre veículos incompatível (82, 12%).   As pessoas do sexo masculino são as mais envolvidas nos acidentes de trânsito: eles somam 76% dos envolvidos, sendo vítimas ou agressores.    Acidentes por condições das vias e do clima também foram avaliados. Contrapondo a ideia de que mais casos acontecem quando chove, pela superfície molhada diminuir o atrito e a visibilidade dos condutores, em 94,2% dos eventos o pavimento estava seco, e somente em 1,8% o pavimento estava “ruim” ou irregular. No total de problemas na via, só 4,7% dos registros foi motivado pelo fator.   A falha mecânica de veículos, como pneu careca ou quebra de freios, apareceram em menos de 1%  dos acidentes. Quanto ao local dos registros, os cruzamentos eram o endereço em 61% dos casos.   Estudos   Ronaro conta que, no Brasil, as estatísticas mostram o número de acidentes e suas consequências, como características das pessoas internadas ou lesões mais frequentes, mas são poucas as pesquisas sobre as causas. “Obtemos grande parte dos dados através dos boletins de ocorrência, mas, quando o motorista ou o pedestre o preenchem, não conseguem fazer uma leitura real do motivo do acidente”, expõe.   Dos dados analisados, 551 dos acidentes envolviam motocicletas e 173 eram atropelamentos. Em 82,4% deles, os condutores eram homens. “O condutor está no trânsito, mas a cabeça dele está em outro lugar. Precisamos convencê-lo de que o trânsito deve ser seu foco principal naquele momento”, opina o pesquisador.

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