A pior estiagem em Minas nos meses de janeiro e fevereiro desde 2006 deixa cidades do interior alerta e ameaça o fornecimento de água. O problema já obriga milhares de pessoas a conviver com uma situação que não é esperada no início do ano: manter as torneiras fechadas e evitar banhos longos para que não haja desabastecimento.
Diante da falta de chuvas fortes em janeiro, prefeituras lançam campanhas e até emitem alertas na tentativa de conter o desperdício. Algumas já consideram o racionamento certo, caso o sol não dê trégua. Pelo menos nos próximos dez dias não há previsão de chuva no Estado.
Em Viçosa, na Zona da Mata, por exemplo, a estiagem prolongada deixou o reservatório com volume de 35% a 40% abaixo do normal.
O quadro levou o Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Viçosa (SAAE) a fazer um apelo à população. De acordo com o presidente do SAAE, Sânzio Borges, se o forte calor perdurar e não houver chuvas contínuas nos próximos dias, será decretado estado de alerta e medidas “rígidas de fiscalização” serão adotadas.
Na atual condição, a água é suficiente para todos os bairros por apenas mais 72 horas. Em alguns locais, o abastecimento já está sendo feito por caminhão-pipa. “O racionamento não está descartado”, diz Sânzio.
A situação em Sete Lagoas, na região Central, é a mesma. Segundo a assessoria do SAAE, a cidade é abastecida por mais de cem poços profundos que dependem da chuva. Uma das soluções encontradas foi retirar água do Rio das Velhas, que será armazenada, tratada e distribuída na cidade ainda neste ano.
Em Uberlândia, no Triângulo, o Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae) emitiu um alerta à população sobre o uso racional da água.
Em Juiz de Fora, na Zona da Mata, a escassez de chuva resultou em rodízio no abastecimento. Nesta semana, a cidade dividiu os moradores em regiões para que a interrupção no fornecimento fosse feita de forma gradativa.
Em Porteirinha, no Norte, muitas residências localizadas nas áreas rurais já estão sendo atendidas por caminhões-pipa.
Copasa descarta problemas na RMBH
Em Belo Horizonte e região metropolitana, a Copasa garante que não haverá problemas com o fornecimento de água.
Segundo o superintendente de Produção e Tratamento de água da companhia, Nelson Guimarães, uma central de operação consegue visualizar todo o sistema.
“Quando um reservatório fica comprometido, a água de outra rede é transferida, mantendo o equilíbrio”, afirma.
Em Montes Claros, no Norte de Minas, as chuvas de dezembro permitiram ao município ter uma “reserva” do recurso hídrico nas barragens e represas. “Garante um abastecimento regular para a cidade e a zona rural”, diz o coordenador técnico da Emater Reinaldo Nunes de Oliveira.
Futuro
Para que a população não enfrente racionamento nos próximos anos, alguns municípios começam a planejar o abastecimento.
Em Uberlândia, o Dmae está licitando as obras para construção da barragem do rio Araguari.
Juiz de Fora investe na construção da adutora de Chapéu d’Uvas – que irá adicionar cerca de 900 litros de água por segundo ao sistema de abastecimento – e na adutora de São Pedro. Um reservatório de 5 milhões de litros irá garantir o atendimento da Cidade Alta e região. Parte dessas obras será inaugurada neste semestre.