Passados quatro dias do desastre, a angústia de centenas de famílias que buscam por desaparecidos após o rompimento da barragem só aumenta em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). A tragédia da última sexta-feira já contabiliza 65 mortes e 288 pessoas não foram localizadas.
Os números assustam moradores do município e deixam ansiosos aqueles que ainda reservam forças para lidar com as notícias que não param de chegar – sendo elas boas ou não. A cozinheira Cláudia Ferreira, de 47 anos, conta que o filho João Marcos, de 25, trabalhava como jardineiro na mineradora há pelo menos seis meses e almoçava na hora da tragédia.
“Até agora não temos notícia de nada. É um sofrimento que a gente não aguenta nem falar. Mas tenho fé em Deus, pois a esperança é a última que morre”, diz a mulher, que no último domingo precisou ser medicada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Brumadinho, após se sentir mal.
Aos prantos, Cláudia lembra que, na última vez que conversou com o filho, ele fazia planos de pescar e estava muito feliz. “Falei que o amava demais. E, agora, estamos vivendo uma vida que só Deus sabe”, comentou a cozinheira.
Presente
Nessa segunda (28), ao completar mais um ano de vida, o faxineiro Elpídio André, de 46, só queria um presente: receber um abraço do irmão Jonis, de 48, operário da Vale, que também integra a lista de desaparecidos.
No dia do rompimento da barragem, Jonis ligou para a esposa por volta de 12h30 e ainda falou com um outro irmão. Elpídio tem fé no retorno do operário. “Quero que ele volte logo, o mais breve possível”.
Informações limitadas
“Correndo atrás, com as próprias pernas”. É o que Paulo de Oliveira Silva, de 36 anos, conta que a família tem feito desde sexta-feira (25) para tentar localizar o irmão, Luiz de Oliveira, de 44.
Ele trabalhava na Vale desde 2005 e fazia a instalação de barragens. “Já fomos ao IML (Instituto Médico-Legal) de Belo Horizonte, demos todos os dados, e procuramos em hospitais da região. Mas nada”, conta Paulo de Oliveira.