O que um pai poderia fazer para ajudar o filho que está em tratamento contra o câncer? Qualquer coisa, inclusive, sair pelas ruas da cidade vestido de super-herói. O que para muitos poderia ser encarado como um "mico", virou motivo de orgulho entre a família e amigos de Octávio Fernandes, de 41 anos.
Pai de três filhos, o analista de sistema, que mora em Juiz de Fora, na região da Zona da Mata, encontrou nos personagens fictícios um jeito de incentivar o pequeno Paulo Sérgio, chamado carinhosamente de Paulinho, a encarar as difíceis etapas da quimioterapia. O menino, de apenas 3 anos e 4 meses, sofre de Leucemia Linfóide Aguda (LLA), doença que foi diagnosticada no início deste ano.
Saiba como começou a batalha de Paulinho e de seu pai super-herói.
Em abril, Paulinho foi levado com dores abdominais para o hospital. Três dias depois os médicos já tinham o diagnóstico de câncer.
Por causa do rápido diagnóstico, o garoto tem 80% de chances de cura, segundo os médicos.
Mas a mãe de Paulinho, a fisioterapeuta Paula Silva de Carvalha de Chagas, de 38 anos, acredita 100% na recuperação do filho. "Temos fé em Deus".
O menino, segundo a família, encarou bem a primeira fase do tratamento. Mas um mês depois, teve que colocar um cateter (um tubo longo e flexível, que fica sob a pele) para facilitar a absorção do medicamento.
Para fazer com que Paulinho aceitasse o cateter, a família usou o desenho favorito dele, "Ben 10".
"Falamos que aquilo era parecido com o bracelete do Ben 10 e continha DNA alienígena. E que
assim ele poderia se transformar em qualquer personagem do desenho", disse Paula.
A tática, segundo a mãe, parece ter funcionado. "Ele passou a exibir o cateter em todo lugar que
ia e não tinha problemas em ficar com ele", contou.
O tratamento seguia de certa forma tranquilo. Mas após sofrer uma mucosite, uma inflamação da boca até o ânus, o garoto piorou. Parou de sorrir, de falar e já nem chorava mais para tirar sangue. "Foi aí que tivemos a ideia de alugar uma fantasia e alegrar nosso filho".
O pai foi até uma loja, saiu de lá vestido com a roupa, dirigiu até o hospital e, após muitas buzinadas e olhares, conseguiu o que queria: arrancar um sorrisão de Paulinho.
Depois foi a vez do "Homem-Aranha". Outro personagem adorado por Paulinho.
A atitude de Octávio foi aplaudida pelos médicos. "Sempre tiram fotos dos dois quando estão de super-heróis.
Alguns médicos até compartilham nas redes sociais".
Quando o tratamento começou a provocar queda de cabelo, o pai também raspou a cabeça e ainda ouviu de Paulinho: "meu cabelo vai crescer e o seu não vai".
O garoto continua em tratamento e a expectativa dos médicos é de que, em breve, esteja curado (*).
(*) Fotos: Reprodução/Arquivo Pessoal