O engenheiro Edgard Machado, de 42 anos, mora no bairro Jardim Alvorada, na região Noroeste de Belo Horizonte. A caminho do trabalho, precisa passar pela avenida Pedro II. “Os pontos críticos, com engarrafamentos certeiros, são os cruzamentos mais movimentados. Como não há fiscalização, motoristas apressados ficam atravessados no caminho, travando o trânsito”, afirma.
Mesmo assim, das 274.142 infrações anotadas pelo Batalhão de Policiamento de Trânsito (BPTran) em Belo Horizonte, no ano passado, parar em áreas de cruzamento rendeu apenas 1.947 multas, ou 0,7% do total. Outros 133.200 registros foram por estacionamento irregular, o equivalente a 48,5% das ocorrências.
Da mesma forma, nos blocos de multas dos guardas municipais, estacionamentos irregulares foram os flagrantes mais comuns em 2012: 58.219 dos 124.830 (46,6%). De cruzamentos fechados foram 410 ocorrências, ou 0,3%.
As estatísticas de multas aplicadas em BH pela Polícia Militar e Guarda Municipal comprovam que as duas corporações priorizam a fiscalização de carros parados, enquanto os motoristas imprudentes, que fecham os cruzamentos, raramente são punidos.
Pouca gente
A “disputa” entre os veículos nas interseções mais movimentadas da capital é reflexo do número insuficiente de agentes para fiscalizar o tráfego, diz o engenheiro civil Márcio Aguiar, mestre em transportes e coordenador dos cursos de engenharia da Universidade Fumec.
O especialista ressalta que, por causa do efetivo reduzido, os órgãos de trânsito têm de priorizar a vigilância na cidade. Com isso, a atenção fica voltada para o estacionamento nas vias públicas. “Com poucos fiscais, são feitos até mutirões para reprimir estacionamentos proibidos, irregularidade constatada com mais facilidade. Para impedir que cruzamentos sejam fechados, não adianta só o agente passar pelo local. Ele precisa estar presente para coibir a infração”.
Mais forte
Comerciante na Pedro II, Paulo Viana, de 37 anos, convive com a lentidão no tráfego, efeito dos cruzamentos fechados na avenida.“Há muita falta de educação dos motoristas. Principalmente de ônibus. É a lei do mais forte. A fiscalização deixa a desejar e raramente tem agente fazendo corpo a corpo com os infratores nesses pontos”, diz.
Os reflexos da infração de trânsito não são sentidos apenas no cruzamento fechado, mas em todas as vias do entorno.
“O efeito cascata causa lentidão na área inteira. Não há um planejamento operacional efetivo para coibir a irregularidade, uma das que causam mais impacto na mobilidade urbana”, avalia o mestre em transportes.
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