VARGINHA – Na tentativa de eliminar a contaminação radioativa no município de Caldas, decorrente da exploração do urânio nas décadas de 80 e 90, a Indústrias Nucleares do Brasil (INB) apresentou, nesta quarta-feira (27), um programa de recuperação de 1.500 hectares (ou 1.500 campos de futebol) de áreas degradadas. As intervenções, avaliadas em R$ 400 milhões, levariam 17 anos para serem concluídas. O Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (Prad) foi levado à Câmara Municipal e detalhado a parlamentares e moradores. A iniciativa ainda precisa ser aprovada por órgãos ambientais da União e passar por licitação. Enquanto isso, Caldas continua a viver com medo da radioatividade, mesmo com as atividades da mineração tendo sido encerradas há mais de 20 anos. Análises recentes das águas na região revelaram 16 pontos contaminados. O projeto da CNI prevê a recuperação de toda a área, inclusive a cava da mina, além de obras nas instalações da indústria e nas barragens de rejeito de urânio. “Para nós, que já esperamos mais de 20 anos, é um passo importante”, disse o vereador Paulo Rocha. O município também abriga o parque industrial da INB, que guarda restos de minério de urânio em centenas de tambores. O espaço também deverá receber tratamento. Processo Para o Ministério Público Estadual (MPE), existem várias obrigações que a INB precisa cumprir. Em ação civil pública proposta pelo promotor José Eduardo Lima, que já tem dez volumes, busca-se a responsabilização quanto ao passivo ambiental, com risco direto à saúde da população. “Há uma concentração de águas ácidas que está contaminando o lençol freático, além do solo e dos animais. A INB já deveria estar executando esta recuperação”, critica José Eduardo Lima. A INB entrou com recurso contra parte das obrigações impostas pelo MPE. A proposta de trabalho apresentada pela INB resulta de um estudo de dois anos, feito por uma empresa no Rio de Janeiro.