Forasteiros ajudam a construir BH duas vezes

Ernesto Braga - Do Hoje em Dia
09/12/2012 às 08:37.
Atualizado em 21/11/2021 às 19:14

(Ricardo Bastos)

“Uma salva de 21 tiros de dinamite despertou a população belo-horizontina ao alvorecer de 12 de dezembro de 1897. Festejos animavam a multidão na Praça da Liberdade. No pavilhão principal do Palácio Presidencial (da Liberdade) foi assinado o decreto nº 1.805, declarando inaugurada a cidade que seria a nova capital de Minas”.

A movimentação foi acompanhada de perto pelo historiador Abílio Barreto (1883-1957), então com 13 anos, e descrita no livro “Resumo histórico de Belo Horizonte – 1701 a 1947”, publicado em 1950.

Na próxima quarta-feira (12), salvas de fogos vão homenagear os 115 anos de BH. Como no fim do século 19, a capital se transformou em um grande canteiro de obras a céu aberto, intervenções que vão mudar a cara da cidade. Na construção da nova capital, os imigrantes italianos eram maioria entre os operários. Agora, os trabalhadores são recrutados em várias partes do país, mas não há estrangeiros.

Pedra Fundamental

As obras da nova capital foram iniciadas em 5 de março de 1884, quando o arraial tinha apenas 3.500 moradores. A primeira estaca foi fincada na margem do ribeirão Arrudas, junto à ponte da Lagoinha, demarcando a área onde passaria um ramal férreo, como relata Abílio Barreto.

“No local havia apenas uma modesta hospedaria, que virou refúgio dos operários, a maior parte imigrantes italianos que ajudaram a construir BH”.

De janeiro de 1896 a maio de 1897, passaram pela hospedaria 1.543 italianos. Os compatriotas do alfaiate Vincenzo Rocco, de 89 anos, entrariam para a história da cidade ao fundar o bairro Lagoinha.

Colônia

Vincenzo é o último representante da colônia italiana no conjunto Nossa Senhora da Piedade. O condomínio de casas geminadas foi erguido pelos italianos na Lagoinha.

“Tive um grande amigo no bairro, o João Abramo. Ele veio para BH acompanhando o pai, que participou da construção da cidade. Depois que a capital foi inaugurada, o pai dele montou uma concessionária de veículos, mas a família perdeu tudo em um incêndio”, lembra.

Nascido em Rivello, o alfaiate visitou BH em 1958 e se encantou com a cidade. Dois anos depois, se mudou com a mulher e três filhos. Vincenzo ficou viúvo e se casou com Maria Alice Campolina, de 84, neta de italianos. “Não há mais na Lagoinha descendentes da turma de operários que veio construir a cidade”, diz.

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