Em uma nova frente de combate ao Aedes aegypti, o Estado anunciou, ontem, o empenho de R$ 30 milhões e a criação de um comitê gestor para conter a disseminação do mosquito, vetor de três doenças. À medida soma-se à promessa, feita no dia 15, de injetar R$ 36 milhões nos municípios com maior infestação do inseto. Apesar do caráter de urgência conferido pelo governo diante do risco de epidemias, as respostas, de fato, ainda se mostram lentas.
A própria força-tarefa criada nesta terça-feira, denominada Comitê Gestor Estadual de Políticas de Enfrentamento à Dengue, Chikungunya e Zika Vírus, deve se reunir somente daqui a duas semanas para começar a traçar estratégias de ação. “Talvez dia 11 vamos instalar esse comitê”, disse o vice-governador Antônio Andrade.
Devem participar da reunião prefeitos dos quatro municípios com maior risco epidemias. Dessas cidades, apenas Bom Despacho (Centro-Oeste) recebeu R$ 106 mil do valor prometido há duas semanas. “O recurso é pouco, mas será utilizado na contratação de agentes, locação de veículos e máquinas para limpeza de imóveis”, afirma a secretária de Saúde de Bom Despacho, Neide Braga. O índice de infestação de do mosquito (LIRAa) na cidade é de 5,2%, enquanto o ideal é abaixo de 1%.
Os municípios em situação crítica que ainda aguardam a chegada da verba são Ubá, com LIRAa em 7,9%, Pará de Minas (6,9%) e Governador Valadares (4,9%). Os R$ 36 milhões seriam partilhados, também, com outras 64 cidades mineiras em situação de alerta (com infestação entre 1% e 3,9%).
Nos últimos dois meses, 2.243 casos de dengue foram confirmados no Estado, em pleno período chuvoso. A situação tende a se agravar a partir de agora, pois, historicamente, de janeiro a junho, ocorre a “explosão” dos números da doença. Ainda não há confirmações de zika nem chikungunya no Estado.
Sem gravidade
Na avaliação do secretário de Estado de Saúde, Fausto Pereira, não há motivo para alarde. “O quadro nesse momento nos permite esse processo de articulação para que a gente realmente tenha uma situação epidemiológica diferente”, afirmou.
Além de investimentos em suporte a equipes de agentes de endemias e comunitários de saúde, como pagamento de horas extras e transporte, ele destaca a necessidade de conscientização da população.
Fora de controle
Desde o início do ano, foram confirmados 148.123 casos de dengue no Estado, sendo que a maioria (94,9%) ocorreu nos seis primeiros meses do ano. O presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM), Fábio Guerra, está preocupado com o atraso no repasse da verba anunciada. “De um modo geral, é difícil manter os serviços de assistência com o contingenciamento de verbas, que ocorre nas esferas estadual e federal. Isso inviabiliza a manutenção adequada dos serviços”.