Pelo menos nove carros-fortes estão abandonados no bairro Santa Tereza, na região Leste de Belo Horizonte. Moradores das ruas Dores do Indaiá, Divinópolis e Paraisópolis relatam que os veículos teriam sido deixados nas vias há mais de oito meses, acumulando sujeira, favorecendo a reprodução do mosquito da dengue e aumentando a insegurança - há relatos de que servem de "esconderijo" para criminosos.
Os carros estão imundos. Alguns visivelmente largados na rua, com pneus estourados, lataria enferrujada, portas amassadas e até volante descascando. Outros estão pichados. A Prefeitura prometeu fazer uma vistoria no local.
Morador da rua Dores do Indaiá, onde cinco carros estão estacionados, o aposentado João Cláudio Tenório, de 60 anos, conta que algumas pessoas até evitam passar pelas vias, principalmente no período noturno. "Os carros estão acumulando sujeira, poeira e atraem criminosos que, à noite, os usam como esconderijo para surpreender possíveis vítimas", denuncia.
Segundo ele, moradores em situação de rua defecam e urinam atrás dos veículos. "Além disso, ainda tem o risco de incêndio, já que estão parados e sem manutenção há muito tempo", acrescenta João Cláudio.
De acordo com o Sindicato dos Empregados das Empresas de Transporte de Valores do Estado de Minas Gerais (SINTTRAV), os carros-fortes são de uma empresa de segurança privada e transporte de valores que teria ido à falência em dezembro de 2022. No entanto, até sexta-feira (4) não constava na Junta Comercial comunicação judicial sobre decretação da falência da firma.
Conforme os moradores do Santa Tereza, os veículos ficavam em um estacionamento alugado. O aluguel foi cancelado e os carros, despejados na rua.
Neste ano, uma operação da Polícia Federal (PF) foi desencadeada para investigar suspeitas de apropriação indébita, lavagem de dinheiro e organização criminosa contra diretores da empresa. Foram apreendidos cerca de R$ 70 milhões em patrimônio. A PF foi procurada para dar mais detalhes sobre o andamento das investigações, mas não retornou.
O Hoje em Dia não conseguiu contato com representantes da empresa de transporte de valores. O espaço segue aberto e essa reportagem será atualizada em caso de retorno. A Polícia Militar foi procurada para falar sobre o patrulhamento nas vias citadas e se houve alguma ocorrência, mas não respondeu.
Vistoria será feita pela prefeitura
A Prefeitura de BH informou que irá realizar uma vistoria no local, mas não informou a data. Veículos em situação de abandono podem ser denunciados pelos moradores à PBH no portal de serviços. Segundo a administração municipal, após a queixa, agentes da BHTrans vão ao local.
Conforme a prefeitura, se for constatado o abandono, é iniciado o processo de notificação do proprietário e remoção do veículo. "Se for frustrada a notificação ao proprietário por remessa postal ou por qualquer outro meio que assegure a sua ciência, uma nova notificação será realizada por edital publicado no Diário Oficial do Município (DOM)".
Após a notificação, o dono do veículo tem cinco dias úteis para realizar a retirada. Do contrário, o veículo é removido. "Neste caso, o proprietário tem 60 dias, contados da data de remoção, para fazer a retirada do pátio. Vencido o prazo, o carro é levado a leilão".
* Estagiário, sob supervisão de Renato Fonseca
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(Maurício Vieira)
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