Com o avanço da epidemia de dengue em Minas Gerais, a Fundação Ezequiel Dias (Funed) tem recebido 700 amostras de sangue de pacientes com suspeita da doença por dia, nos meses de março e abril. O número alarmante corresponde à metade das análises realizadas em todo o mês de fevereiro e são referentes apenas aos exames feitos em hospitais da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) e no Sistema Único de Saúde (SUS) dos municípios localizados na região Central. A exceção é Belo Horizonte, cuja análise é feita pela prefeitura. Segundo dados da Funed, no primeiro trimestre deste ano, entre janeiro e março, 96% das amostras examinadas apresentaram resultado positivo de dengue. De acordo com o último boletim divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES) já são 148.351 casos de dengue notificados ao órgão e pelo menos 31 mortes em decorrência da doença em Minas. Outros dois casos suspeitos estão sendo investigados em Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri. Além disso, uma criança morreu com suspeita de dengue em Santa Luzia, na RMBH, e uma grávida de sete meses faleceu com a doença na capital mineira, mas os casos ainda não foram contabilidazos pela SES. Segundo o biólogo da Funed, Glauco de Carvalho Pereira, uma das explicações para o aumento expressivo do número de casos da doença em Minas e no país pode estar relacionada à presença do vírus tipo 4, reintroduzido no Estado no ano de 2011. "Há muito tempo ele não circulava em Belo Horizonte e em todo o Brasil e, por isso, a maioria das pessoas não tem anticorpos contra este vírus e acabam sendo mais suscetíveis ao sorotipo", explica. Ainda conforme o especialista, a maioria dos casos registrados em BH são dos vírus dos tipos 1 e 4. O pesquisador explica, ainda, que as pessoas que já foram infectadas por algum dos quatro tipos de vírus da dengue que circulam no país desenvolvem imunidade para o resto da vida contra este sorotipo. Além disso, os pacientes que tiveram a doença ficam imunizados por aproximadamente seis meses contra todos os demais tipos de vírus. Já sobre a dengue hemorrágica, há duas linhas de estudo mais aceitas atualmente. "Uma é a de que há alguns vírus mais agressivos que outros e estes provocariam dengue hemorrágica. Outra hipótese é a de que essa manifestação da doença depende do sistema imunológico de cada um e o quadro hemorrágico seria uma resposta agressiva do organismo em uma tentativa de combater o vírus", completou Glauco Pereira. Situação em Minas Até a última sexta-feira (29) foram notificados 148.351 casos suspeitos da doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti em Minas Gerais e a SES declarou situação de epidemia da dengue devido ao aumento de 211% no número de casos em apenas duas semanas. Além da Funed, outras cinco macroregiões no Estado realizam exames para diagnosticar a doença em pacientes que apresentam sintomas de dengue. Em Uberaba foram nove óbitos, três em Montes Claros, duas em Ituiutaba, Uberlândia, Teófilo Otoni e Muriaé. As cidades de Carangola, Frei Gaspar, Buritizeiro, Ipanema, Pirapetinga, Pirapora, São Geraldo de Baixio, São João da Ponte, Campos Altos, Contagem e Sete Lagoas registraram pelo menos uma morte por dengue, conforme a SES.