Furto de energia

'Gatos' na rede deixam rombo de R$ 530 mi em dois anos na Grande BH; operação prende 8 pessoas

Raquel Gontijo
raquel.maria@hojeemdia.com.br
17/08/2023 às 13:32.
Atualizado em 17/08/2023 às 14:17
 (Fernando Michel / Hoje em Dia)

(Fernando Michel / Hoje em Dia)

Um esquema de ligações clandestinas de energia elétrica, popularmente conhecidos como ‘gato’, em bairros de Belo Horizonte e outras cinco cidades da região metropolitana, trouxe um prejuízo estimado em R$ 530 milhões em dois anos. Em operação desencadeada nesta quinta-feira (17) pelo Ministério Público (MPMG) e polícias Civil e Militar, oito pessoas foram presas em flagrante pelo crime na capital, Contagem, Betim, Ibirité, Vespasiano e Esmeraldas. 

Os agentes cumpriram 19 mandados de busca e apreensão pessoal e domiciliar. Foram apreendidos 213 medidores clandestinos, 1.648 lacres, quatro celulares e outros equipamentos específicos utilizados pelos criminosos para venda da energia elétrica. 

Até este momento, as autoridades identificaram que alguns dos alvos eram funcionários da Cemig e, que alguns deles inclusive utilizavam o uniforme da companhia para persuadir as vítimas da fraude. Além do prejuízo financeiro, as ligações clandestinas provocam risco de choque em pessoas e acidente na própria rede elétrica.

“Eles atuavam oferecendo para consumidores e até para empresas meios de furtar essa energia. As evidências das apreensões de hoje indicam claramente que essas pessoas atuavam de forma coordenada e organizada no processo não só de furto, mas também de comercialização disso para uma prática de aferir lucro”, explica o capitão da PM Cristiano Araújo.

As investigações começaram em 2021 após uma série de inspeções da Cemig em cidades da região metropolitana. Segundo o supervisor de relacionamento da companhia, Alexandre Ribeiro de Almeida, a empresa identificou que o número de irregularidades estava aumentando. Somente neste ano, segundo ele, foram feitas 240 mil inspeções, sendo que em 56% delas foram constatadas as fraudes. 

As ligações eram feitas com medidores que não estavam cadastrados na companhia, muitos deles furtados e instalados de forma clandestina. Em todo o Estado, a companhia já constatou prejuízo de R$ 974 milhões nos últimos dois anos. Só na Grande BH foram R$ 530 milhões em fraudes no mesmo período. 

Denúncia 

Para a promotora de Justiça do MPMG e coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Combate Crime Organizado (Gaeco), Paula Ayres Lima, são os consumidores que pagam a conta do esquema criminoso, e é necessário denunciar a prática ilegal. “É importante ter em mente que embora sejam crimes cometidos sem violência e às vezes até normalizados em determinados lugares, eles custam muito caro para nós, que pagamos nossas contas de energia elétrica.”

“Se um vizinho ou cliente identificar ou suspeitar de uma ligação clandestina, que faça essa denúncia nos nossos canais de atendimento via site ou via telefone no 116 ou para a polícia”, orienta o supervisor de relacionamento da companhia, Alexandre Ribeiro de Almeida.

O material apreendido nesta quinta-feira será analisado pela Cemig e as investigações continuam, sem previsão para terminar. Os investigados podem responder pelos crimes de furto qualificado e possível associação criminosa.

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