(Samuel Costa)
Todos os dias, 823 caminhões e ônibus são flagrados com excesso de peso nas rodovias federais e estaduais de Minas. Mesmo com o aumento do número de postos de aferição no Estado, motoristas de veículos de carga e empresas transportadoras apostam no sobrepeso para sonegar impostos, prática que deteriora o asfalto das estradas e coloca em risco quem está na via.
Juntas, as multas emitidas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) e pelos departamentos Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG) cresceram 33% em 2012 (300.420 autuações), na comparação com o ano anterior (224.657).
Parte da justificativa para o aumento está nas balanças operadas pelo DER-MG. Há cinco anos, havia aproximadamente 50 pontos de pesagem em Minas. Hoje são 91, sendo 74 sob responsabilidade do Estado.
Para o presidente do Sindicato da União Brasileira dos Caminhoneiros, José Natan, o “reforço” fez com que motoristas adotem rotas alternativas. “Caminhoneiro tem pavor de balança, pois precisa ficar repetindo a pesagem e acaba perdendo tempo”.
Jefferson Garcia, de 28 anos, enfrentou essa situação. Em 30 de janeiro, ele encarou o instrumento na BR-040, entre Belo Horizonte e Sete Lagoas, na região central do Estado. Carregado com máquinas, teve que passar pelo “ponteiro” mais três vezes. “Já fui multado por excesso de peso em quatro ocasiões. A carga havia sido colocada pelas empresas que contrataram os fretes”, afirma.
Impacto
Rodar com sobrecarga traz consequências graves, avisam especialistas. O presidente da ONG SOS Rodovias, José Aparecido Ribeiro, diz que há perda de arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). “Como não se coloca o produto a mais na nota fiscal, há evasão de receita”, explica.
Outro problema é o desgaste da pavimentação. O consultor Silvestre Andrade diz que se um caminhão está com 10% de sobrepeso, o asfalto se deteriora até cem vezes mais rapidamente. “Como a situação é recorrente, o pavimento projetado para durar 20 anos se perde em menos de dez”, afirma. “O mau uso aumenta o custo de manutenção do asfalto”.
Também há maior risco de acidentes. Como os veículos não foram projetados para transitar com carga em excesso, fica mais difícil conduzi-los.
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