(Reprodução/Facebook)
"Marta Golpista de Uberlândia" é o nome de um grupo de denúncia a uma suposta estelionatária que atuaria em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, que viralizou nesta quinta-feira (31). Criado no Facebook, o grupo traz relatos praticamente em tempo real da atuação de Marta Maria Mendes de Paula, que, segundo a descrição da página, é "suspeita de estelionato e furtos em Uberlândia".
Mais do que informações sobre supostos golpes, os membros relatam a localização da mulher. Em um deles, o usuário da rede social escreveu "Marta golpista dentro do ônibus que vai pro distrito de Miraporanga" como legenda de uma foto que mostra a mulher sentada em um coletivo. Em outro relato, o usuário aponta a presença de Marta em um supermercado com um novo visual: "Marta agora de madeixas castanhas no Smart Super Maxi do Santo Inácio", também com uma foto da suspeita no local.
Na descrição do grupo, o administrador, identificado pelo Facebook como Antonio Moura, afirma que Marta tem 48 anos e relata casos narrados por lojistas e supostas vítimas da ação da estelionatária. "Ela anda por toda cidade em todos os bairros, ela pode ficar durante semanas no mesmo bairro e logo vai para outro....Ela furta também pequenas coisas como celulares dentro das lojas, mais ela gosta mesmo é de se arrumar em salões de beleza, onde diz na hora do pagamento que esqueceu o cartão ou pegou o cartão errado, diz que mora perto e que já volta, uma verdadeira artista e cara de pau!!!!! Lojas da cidade levam prejuízos de 2 mil, 3 mil até 10 mil." (sic)
Em uma pesquisa pelo nome da mulher denunciada pelo grupo, podem ser encontrados vários processos contra ela no site JusBrasil. O advogado Diego Santos Alves aparece em um deles como representante de uma loja que a denunciou por falta de pagamento de uma nota promissória. De acordo com Alves, o processo foi iniciado em 2014. "Entramos com o processo para que ela pagasse a dívida, mas não adiantou, ninguém viu o dinheiro e a loja já encerrou suas atividades", contou. No processo disponibilizado pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), uma sentença assinada em 2015 extinguiu a ação por "devedor não encontrado".
Um vídeo divulgado no Twitter mostra uma entrevista de Marta a um canal de televisão após uma prisão por suspeita de estelionato. À repórter, a suspeita diz "pessoas me venderam na confiança e agora me acusam de estelionato". Quando a repórter perguntou se ela havia quitado a dívida na loja, ela respondeu "não, nao pague, mas esse fato de que documento e nome falso não existe é mentira. (...) eu fui autêntica, verdadeira, eu fui eu mesma".
Reações
No Twitter, vários usuários repercutiram a história. Em uma thread (sequência de postagens), o usuário Victor Oliveira mostra uma conversa com uma suposta prima de Marta. "Então, ela sempre foi meio estranha, mas ninguém imaginava que ela ia começar a dar golpe. Ninguém acreditava no começo, aí a família viu que era real e tentou ajudar com acompanhamento psicológico", contou a parente, que não foi identificada.
Ainda na conversa, a menina contou a Victor que ela teria começado a dar golpe na família e amigos que tentavam ajudar ela e classifica os detalhes desses supostos golpes como sigilosos. "Galera vem bater na porta da família pra cobrar as dívidas dela, é um caos", contou, em meio a risadas.
Distúrbios psiquiátricos
A Polícia Civil encontrou alguns boletins de ocorrência registrados contra Marta até 2017, dentre os quais há vários relatos de roubos a lojas de roupas, salões de beleza, falta de pagamento e episódios de surtos psiquiátricos. Em um deles, a irmã da mulher teria ido até o local para onde a polícia foi acionada e apresentado documentos do Ministério Público que atestavam que ela sofre de transtorno bipolar. O MPMG foi procurado para confirmar a existência dos documentos, mas ainda não se manifestou.
Os registros que apontam o nome completo de Marta estão entre 2011 e 2014. Em 2017, a alcunha usada para denunciá-la foi "Marta Golpista". No boletim, o denunciante contou que ela esteve em um salão de beleza, fez diversos procedimentos no cabelo e comprou produtos vendidos no local, que somaram R$ 240. Marta teria prometido pagar a dívida alguns dias depois, mas como não apareceu, o responsável prestou queixa cinco dias depois do dia combinado.
Nos processos encontrados no site JusBrasil, as sentenças acompanham o padrão da recebida no caso da loja em 2014 com ações extintas por "devedor não encontrado".