Guarda-chuvas e sombrinhas made in China tomam as ruas de BH

Gabi Santos - Hoje em Dia
05/12/2013 às 06:46.
Atualizado em 20/11/2021 às 14:34

(Marcelo Prates)

Elas acompanham a moda. São coloridas e, nestes tempos de consciência ecológica, apresentam até imagens ligadas ao meio ambiente, como animais e paisagens. É o que mostram as sombrinhas que tomam conta de ruas e avenidas da cidade nestes tempos chuvosos. 

Mas, o curioso é que elas desaparecem por completo quando o tempo está ensolarado. Nos últimos anos, elas têm sido companhias inseparáveis das mulheres, por causa da irregularidade do tempo. Diante disso, a saída foi a fabricação de sombrinhas dobráveis, que cabem dentro das bolsas em qualquer tempo. 

O único problema é conseguir comprar uma sombrinha ou guarda-chuva fabricados em Minas ou em outros estados, porque as chinesas, de má qualidade e pouca durabilidade, invadiram o mercado em todo o país.

O lado masculino da sombrinha é o guarda-chuva, outro artigo que anda provocando reclamações. Pretos, disponíveis em três tamanhos, eles também estão perdendo a fama de equipamentos resistentes aos temporais que assolam Belo Horizonte. 

A capital perdeu, desde os anos 90, quase todas as tradicionais lojas especializadas na venda desses artigos e, agora, qualquer um pode comprar um guarda-chuva em qualquer esquina do Centro da capital por até R$ 5. Só que a durabilidade desse produto é mínima, e quem estiver com uma peça desse tipo em um temporal com vento forte está sujeito a ficar sem proteção, por causa de sua fragilidade. 

Encontrar alguém vendendo sombrinhas e guarda-chuvas com sol quente é uma proeza. Mas basta aparecer algumas nuvens escuras no horizonte que eles começam a aparecer nas mãos dos vendedores, apontados pela fiscalização da Regional Centro-Sul da prefeitura como camelôs.

“A gente não deixa as sombrinhas e guardas-chuvas muito expostos quando não está chovendo, porque ninguém procura por eles”, contou a comerciária Janete Vieira, que trabalha numa loja de artigos variados mas que investe, também, na venda desses artigos nas temporadas de chuvas. “É só ameaçar chuva que começam a chegar as pessoas, principalmente mulheres, perguntando se a loja tem sombrinha. As vendas desses produtos são boas nessas temporadas. Mas é só durante a chuva. Os nossos guarda-chuvas e sombrinhas são de boa qualidade, com preços que vão dos R$ 20 aos R$ 120”, contou a vendedora.

Venda nas ruas pode acabar em multa

A Regional Centro-Sul da prefeitura informou que a fiscalização não permite a comercialização de sombrinhas e guarda-chuvas nas ruas do Centro e, quando acontece alguma apreensão o vendedor, visto como ambulante, paga uma multa de R$ 1.500.

"O que é comum hoje é a pessoa comprar uma sombrinha ou um guarda-chuvas na rua e esse produto durar poucos dias. Aí a pessoa é obrigada a comprar outro que também não vai durar muito”, afirmou a empresária do ramo em Minas, Lilian Ferretti. 

Importação inibe a produção nacional

A empresária Lilian Ferretti, que dirige a indústria “Qualquer tempo”, uma das maiores em Minas na fabricação de sombrinhas e guarda-chuvas, atribui a queda acentuada na produção nacional dos produtos à importação da China e à redução da quantidade de chuvas.

Grande parte da produção clandestina de má qualidade tem como origem o interior de alguns estados como o Rio de Janeiro e São Paulo, onde, em boa parte, são fabricados em fundos de quintais. 

A tática usada por boa parte dessas fabriquetas é comprar grande quantidade de sombrinhas e guardas-chuvas da China para desmontá-los e, depois, montá-los com outras cores e características, para disfarçar a qualidade duvidosa. 

“Antigamente a gente comprava uma sombrinha ou um guarda-chuva da Alemanha ou do Japão e esses produtos duravam muitos anos”, lembra Lilian Ferretti.

Desempregado, Júlio de Souza Alves, 36 anos, conserta sombrinhas e guarda-chuvas num passeio perto da Igreja São José, no Centro. “Diminuiu o número de pessoas que procuram o conserto porque esse artigo, agora, é descartável. Quando chove é fácil comprar em qualquer esquina”, disse.

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