Idosos 'dormem' em fila para vacinar contra Covid em Pedro Leopoldo e muitos saem sem imunização

Anderson Rocha
arocha@hojeemdia.com.br
05/03/2021 às 14:04.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:20
 (Reprodução/ Arquivo pessoal/ Sinara Elisa)

(Reprodução/ Arquivo pessoal/ Sinara Elisa)

A Prefeitura de Pedro Leopoldo, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, iniciou, nesta sexta-feira (5), a vacinação contra a Covid-19 de idosos com idades entre 80 e 84 anos. O município distribuiu 150 senhas, o que gerou filas de moradores durante toda a madrugada. Nem todos conseguiram ser imunizados. A prefeitura confirmou os transtornos, explicou que a Guarda Municipal acompanhou o caso durante a madrugada e informou que irá estudar novas estratégias para a campanha.

De acordo com a prefeitura, a vacinação começou às 8h e foi encerrada às 11 horas, em formatos drive-thru (de dentro do automóvel) e ainda diretamente no Centro Municipal de Imunização (CMI), no bairro São José. Com o quantitativo reduzido de doses, diversos idosos madrugaram e não conseguiram a vacina.

É o caso da aposentada Piedade Ribeiro de Freitas, de 81 anos, que chegou à fila de carros, com o marido, de 87 anos, às 4h da manhã. Por volta das 8h, foi avisada pela equipe da prefeitura que as vacinas tinham acabado. Ela esperava, pelo menos, ter recebido uma senha que oferecesse prioridade nas próximas vacinações a quem ficou tanto tempo na espera.

A assessora de eventos Sinara Elisa, de 36 anos, conseguiu que a tia de 81 fosse vacinada. Ela montou uma programação de espera: chegou ao local às 21h30 de quinta-feira, conseguiu o 10° lugar na fila e passou a noite e a madrugada no carro para garantir a dose. pic.twitter.com/qjsZbX4xRM— Jornal Hoje em Dia (@jornalhojeemdia) March 5, 2021

"Eu não sei como vai ser. Eles passaram e avisaram que já tinha acabado, mas não falaram mais nada. Eles não sabem quando vai ter vacina. Às vezes Deus ajuda que não demora, né?", disse.

Segundo ela, havia muita gente esperando para receber o imunizante, incluindo pessoas que vieram de áreas mais distantes e precisaram alugar carros para tentar receber a dose. O marido da idosa já tinha sido vacinado em etapa anterior e apenas a acompanhou nessa madrugada.

Noite na fila

Já a assessora de eventos Sinara Elisa, de 36 anos, conseguiu que a tia, Teresinha Benta de Souza, de 81 anos, fosse vacinada. Para tanto, ela precisou montar uma programação de espera: chegou às 21h30 da noite dessa quinta-feira ao local e conseguiu o décimo lugar na fila.Arquivo pessoal/ Sinara Elisa

Teresinha, de 81 anos, foi vacinada após sobrinha passar a madrugada na fila

Ela conta que passou a noite no carro para garantir a dose tia, que foi para o local às 5h30 desta sexta. Conforme ela, havia duas filas na rua, de pedestres e de pessoas em carros, para os quais foram distribuídas 75 doses cada. 

"Foi um erro de logística da prefeitura, mas a falha se justifica pela falta de vacina. Se tivesse suficiente, e a gente sabe que não tem, se o governo federal tivesse mais interesse em comprar vacina, não ia ter esse desespero todo", afirmou.

Vacinação

No início da semana, a prefeitura divulgou que a quarta remessa de vacinas contra a Covid, composta por 780 doses, seria suficiente para imunizar, em primeira dose, todos os idosos com idades entre 85 e 89 anos. O processo foi iniciado na terça-feira (2). Já a faixa entre 80 e 84 anos começou a ser imunizada, em parte, nesta fase, dependendo de novo envio do Ministério da Saúde para conclusão da vacinação deste grupo. 

 Outro lado

Em nota, a Prefeitura de Pedro Leopoldo informou que, até o momento, recebeu quatro remessas de vacinas contra a Covid-19 do Estado e que, em todas elas, houve vacinação dentro da "normalidade e tranquilidade esperadas". Na última remessa, 24% das doses recebidas foram separadas para o início da imunização de idosos entre 80 e 84 anos.

Segundo a prefeitura, a Guarda Civil Municipal passou a noite no local orientando os pedestres e motoristas para evitar aglomerações e continuou o trabalho pela manhã, após a troca de turno. Apesar disso, a prefeitura reconheceu os transtornos gerados com "a grande fila formada".

"Estamos atentos aos ajustes necessários para que tal transtorno não se repita e pensaremos em possíveis alternativas para minimizar este problema no município. Todos os esforços serão realizados com o objetivo de aprimorar as estratégias de vacinação visando dar maior tranquilidade ao acesso da população às vacinas", declarou, em nota.

A prefeitura também informou que a insuficiência de vacinas ocorre em todo o país e que existe uma ansiedade compreensível da população em busca do imunizante. Ainda declarou que a vacinação no município ocorre conforme os critérios de grupos prioritários, estabelecidos pelo Ministério da Saúde.

"O número de vacinas recebidas pelo município ainda é inferior ao número necessário para qualquer faixa etária, contudo a Prefeitura sempre tranquilizou a população no sentido de que todos serão vacinados à medida que as doses forem recebidas", finalizou.

A prefeitura também informou que a vacinação dos acamados ocorrerá a partir da próxima semana.

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