IML aguarda 60 famílias para coleta de DNA, essencial para a identificação das vítimas da barragem

Raul Mariano
04/02/2019 às 20:41.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:23

(Riva Moreira)

Pelo menos 60 famílias de desaparecidos na tragédia de Brumadinho ainda não procuraram o Instituto Médico-Legal (IML) para realizar a coleta de amostras de DNA. A Polícia Civil alerta que o procedimento é essencial para garantir que todos os corpos encontrados sejam devidamente identificados. O rompimento da barragem de rejeitos da Mina do Feijão deixou, até agora, 134 mortos. Desses, 120 pessoas foram identificados. Outras 199 continuam desaparecidas sob a lama.

A entrega de radiografias de quem ainda não foi localizado também é solicitada pela corporação. O material pode ser usado para comparações, facilitando os trabalhos de reconhecimento. A coleta do DNA é feita a partir da mucosa oral da mãe, pai ou filhos das vítimas. Até o momento, mais de 500 procedimentos já foram realizados em Belo Horizonte. 

De acordo com o médico-legista Thales Bittencourt de Barcelos, superintendente de Polícia Técnico Científica, os parentes de desaparecidos devem procurar o prédio A, da Academia de Polícia (Acadepol), ao lado do IML, na rua Oscar Negrão de Lima, 200, no bairro Gameleira, região Oeste da metrópole. O horário de atendimento é de 9h às 17h.

Após coleta de material para DNA, o Instituto Médico-Legal entrará em contato com as famílias para agendar o retorno e concluir o procedimento

Alternativas

Além da identificação por exame de DNA, a papiloscopia – técnica de reconhecimento por meio das impressões digitais – também está sendo utilizada pelos peritos e já comprovou a identidade de 116 corpos. Outros quatro cadáveres foram reconhecidos por meio da odontologia legal, na qual a arcada dentária do indivíduo é usada para comparação.

O aposentado Manoel Ferreira Prado, de 63 anos, perdeu a esposa Marciléia da Silva Prado no desastre. O casal estava junto há três décadas. Ontem, ele esteve no IML, junto com o filho, para concluir o processo de identificação.

A mulher era auxiliar de serviços gerais, contratada por uma empresa terceirizada, e trabalhava próximo ao refeitório da Vale no momento em que a barragem se rompeu. “É um momento de muita dor, mas agora a gente pelo menos se conforma porque vamos poder dar um enterro digno para ela”, relata o idoso.

Demanda

Enquanto o Corpo de Bombeiros atua na lama em Brumadinho, à procura de outras vítimas da tragédia, médicos-legistas e auxiliares de necropsia também têm enfrentado uma rotina intensa na identificação dos corpos. 

“Em 17 anos de atuação desconheço uma demanda tão grande quanto essa de Brumadinho”, afirma Thales Barcelos. “A polícia técnico-científica está sendo arduamente testada”, destaca o superintendente.

  

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