(Fernando Frazão)
Jornalistas foram alvo de 126 atos de violência desde o início da onda de manifestações populares por todo o país, em junho de 2013. O balanço foi apresentado na última terça-feira (11) ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, por representantes dos veículos de comunicação brasileiros.
Os empresários demonstraram preocupação com o “despreparo” da polícia nos protestos e cobraram providências para evitar a violência e garantir a segurança. A reunião, em Brasília, aconteceu um dia após a confirmação da morte do cinegrafista da TV Bandeirantes Santiago Andrade, de 49 anos, atingido por um rojão durante a cobertura de uma manifestação contra o aumento da passagem de ônibus no Rio, no dia 6. O fato teve ampla repercussão, inclusive internacional, e foi condenado até pela Organização das Nações Unidas (ONU).
“O enfrentamento desse tipo de movimento exige uma força especial”, afirmou o presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Carlos Fernando Lindenberg Neto. “Se os órgãos responsáveis por coibir essa violência não tivessem demorado para agir, possivelmente não estaríamos vivendo o luto pela morte de um colega”, disse o presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Daniel Slaviero.
Amanhã, em Aracaju (SE), o ministro discute com secretários estaduais de segurança propostas que recebeu para o combate à violência nos protestos. Dentre elas, que a Polícia Federal assuma a investigação de alguns crimes, como os cometidos contra jornalistas, e a proibição do uso de máscaras pelos participantes.
O comentário geral, porém, é o de que o governo federal pretende dividir com os estados a responsabilidade sobre um possível “pacote” para conter os excessos nos protestos.
PROTEÇÃO
Na próxima terça-feira, um grupo de trabalho formado por profissionais da imprensa, empresários de comunicação e especialistas em segurança pública começará a elaborar, no Ministério da Justiça, uma “política de estado de proteção ao jornalista”. A meta é definir medidas que possam ser implantadas a tempo da Copa do Mundo.
Na última terça-feira (11), a Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) decidiu instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar casos de vandalismo. O grupo deve começar a trabalhar na próxima semana.
A comissão será presidida pelo deputado Bernardo Rossi. Segundo ele, o objetivo é investigar os ataques que culminaram com a morte do cinegrafista. (* Com agências)