Impulsionado pela indústria, PIB mineiro cresce 2,8% em 2024; Fiemg cita desafios para 2025
Depreciação do câmbio e o aumento dos juros de longo prazo indicam ambiente econômico de maior risco
A indústria mineira cresceu 4,2% no terceiro trimestre e deve fechar o ano com índice de 3,2%. Impulsionado pelo resultado econômico positivo do setor, o Produto Interno Bruto (PIB) do estado cresceu 2,8% no período. Balanço apresentado ontem pela Fiemg, a Federação das Indústrias de Minas Gerais, aponta um cenário d e menor expansão para 2025.
Os melhores resultados do setor industrial foram os segmentos extrativo (6,3%), construção (8,9%) e energia e saneamento (7,5%).
No cenário nacional, o PIB registrou aumento de 3,3%, também puxado pela indústria (3,5%) e mais ainda pelo setor de serviços (3,8%). Apesar dos resultados, a Fiemg fez ontem um alerta sobre o ano que está chegando. Para a federação, há risco de desacelera-ção da economia devido à inflação, aos juros elevados e a riscos fiscais crescentes.
O presidente da entidade, Flávio Roscoe, lembrou que o mercado reage às expectativas futuras, muito mais do que em relação ao presente. “A nossa análise desse quadro é que a economia brasileira vem com um bom crescimento, mas impulsionada por forças que não trazem investimento econômico no longo prazo”, ponderou Roscoe. “É aquela injeção de adrenalina que tem um impacto imediato, mas depois já não tem todos os efeitos”, afirmou.
Na avaliação de Flavio Roscoe, o mercado está lento e “a injeção de adrenalina uma hora tem que acabar para não matar o paciente”. Segundo o presidente da Fiemg, o que vai matar o paciente é o endividamento público e o déficit fiscal.
Projeção para 2025
O estudo da Fiemg traz também dados sobre o mercado de trabalho, que registrou queda na taxa de desemprego para 5%, o menor patamar desde 2012 no Estado. No terceiro trimestre, 11 milhões de pessoas estavam ocupadas no estado, com 2,53 mi de empregos no setor industrial, um aumento de 5,7% em relação ao ano anterior. Nacionalmente, a taxa de desemprego foi de 6,4%, refletindo o dinamismo do mercado.
A análise destaca ainda que o “dinamismo do mercado de trabalho” impulsionou o consumo das famílias, contribuindo para o crescimento econômico, no entanto a política monetária restritiva deve frear a criação de empregos no próximo ano. Por outro lado, a Fiemg enfatiza a importância de investimentos em infraestrutura, inovação e qualificação profissional como caminhos para garantir o desenvolvimento sustentável e a geração de novas oportunidades.
Roscoe faz uma crítica aos programas sociais que, na opinião dele, “hoje não dialogam” com o mercado de trabalho. “Em várias empresas têm havido redução da atividade econômica ou mesmo têm deixado de produzir em função da falta de trabalhadores. Além disso, como há uma escassez de mão de obra, infelizmente, isso gera perda de produtividade”, destaca.
O economista-chefe da Fiemg João Gabriel Pio ressalta que o desempenho da economia mineira tem sido melhor que o do pais. “Nesse período recente, a economia de Minas tem performado melhor do que o Brasil, é uma média de crescimento de 4.1% e isso explica esse crescimento”.
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