Os cerca de 24 mil indígenas, distribuídos em 12 etnias diferentes pelo interior mineiro e região metropolitana de Belo Horizonte, não têm nada para comemorar nesta sexta-feira (19), no Dia do Índio. De legítimos ocupantes das terras, eles agora lutam para resolver problemas, como desrespeito aos direitos básicos, reservas não demarcadas, invasão das terras por grileiros, contrabandistas, madeireiros ilegais e até traficantes de animais e drogas. Além de todos esses problemas, os índios enfrentam falta de assistência médica nas aldeias e de suporte legal da Fundação Nacional do Índio (Funai). Há até casos de indivíduos passando fome. “Posso afirmar que os índios estão abandonados em Minas”, diz o cacique Mesak Pataxó, coordenador das Comunidades Indígenas de Minas Gerais. Mesak não poupou críticas à atuação da Funai e a suposta lentidão do órgão no atendimento às demandas dos indígenas. “Estamos sem assistência médica nas aldeias e vivemos uma situação dramática”. Por outro lado, Mesak reconhece que, desde o início do governo Anastasia, os canais de comunicação ficaram melhores. “Mas ainda falta resolver muita coisa. Hoje, somos 12 etnias com cerca de 17 mil índios no interior mineiro, que carecem de muitas coisas. Uma das principais é a assistência médica nas aldeias”, resume. Para a presidente da Associação dos Povos Indígenas de Belo Horizonte e região metropolitana, Marinalva de Jesus, há cerca de sete mil índios só na Grande BH. “A maioria vive em más condições. Há, inclusive, adolescentes indígenas envolvidos com o tráfico de drogas”, resume. O coordenador regional da Funai em Minas, Thiago Fioritt, rebate que os índios estejam abandonados. “É uma questão complexa e cultural que vem se arrastando há anos. A Funai tem resolvido diversas questões, como demarcações de reservas, e estreitando o contato com os índios, inclusive com distribuição de alimentos. A assistência médica não é de nossa competência”, afirma.