Índios Krenak aproveitam a modernidade para garantir conforto

Daniel Antunes - Do Hoje em Dia
16/07/2012 às 07:09.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:35

(Leonardo Morais)

RESPLENDOR – Índios descalços, nus, usando vestimentas feitas com palhas ou cascas de árvores extraídas das densas matas da região do Vale do Rio Doce e morando em ocas, é um cenário cada vez mais distante da etnia krenak, em Resplendor, onde vivem cerca de 360 indígenas divididos em cinco aldeias. Agora, os índios aproveitam a modernidade para garantir conforto. As moradias feitas de alvenaria contam com luz elétrica e são equipadas com televisão, geladeira, telefone celular e até computador, o que aproxima cada vez mais os krenaks da cultura dos moradores das grandes cidades.
 
“Acontece que nós tivemos de nos adaptar à realidade imposta. Um exemplo é a caça. Na época dos meus pais, os índios se alimentavam do que era retirado das matas. Hoje, com o desmatamento, a poluição e nosso território reduzido, quem for viver da caça morre de fome”, disse Geovane Krenak, de 27 anos, que ao lado do irmão, Douglas, de 29, produz um documentário que pretende fortalecer e resgatar a língua krenak dentro da aldeia. “Não quer dizer que deixamos de ser índios. Pelo contrário, a nossa cultura, crença e tradições estão mais vivas do que nunca”, ressaltou Douglas.
 
Na década passada, os dois irmãos deixaram a tribo para frequentar aulas na Universidade Vale do Rio Doce (Univale) em Governador Valadares, a 130 quilômetros. Douglas formou-se em Jornalismo, enquanto Geovane terminou o curso de Design Gráfico.
 
Com o conhecimento acadêmico os dois montaram dentro de casa, na aldeia, um moderno estúdio onde produzem o documentário financiado pelo Ministério da Cultura e o Estado. “Estamos usando essas ferramentas tecno-lógicas para divulgar e não deixar a nossa cultura krenak morrer”, contou Douglas. Além do documentário, são produzidos livros e cartilhas sobre a cultura da etnia.
 
Enquanto dedica seu tempo ao documentário, Douglas observa o filho mais novo, Matheus Krenak, 4 anos, que se divide nas brincadeiras com o carrinho movido por controle remoto e a pintura pelo corpo, tingido com extrato da semente de urucum. “Ele gosta das mesmas coisas que os índios brincavam há anos, como nadar e caçar. Só que ele também incorporou os novos hábitos”, explicou Douglas.
 
De férias na aldeia Atorãn, que pertence à tribo krenak, o índio Daniel Barbosa, 17 anos, que mora com os pais em Tupã, no interior do Estado de São Paulo, passa as tardes brincando com videogame. “É um bom divertimento, mas gosto também de pescar”, disse o rapaz que mostra com orgulho os adereços indígenas. “Uso sempre o colar e o brinco feito na aldeia”, contou.
 
Leia mais na edição digital do Hoje em Dia.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por