Aos 71 anos, mais de 45 dedicados ao jornalismo, morreu no fim da noite de sábado (19) o repórter José Gabriel dos Santos. Gabi Santos, como era conhecido, trabalhava no jornal Hoje em Dia desde o ano 2000. Ele teve passagens ainda pelos extintos Diário de Minas e Diário da Tarde e rádios Guarani e Itatiaia. O corpo do jornalista foi velado e enterrado neste domingo (20) no cemitério Bosque da Esperança, em Belo Horizonte.
Lembrado por sua precisão e paixão pelo trabalho, Gabi atuava principalmente nas coberturas policiais. Ao longo da carreira ganhou seis prêmios por suas reportagens. O mais recente deles foi o Prêmio Délio Rocha - Jornalismo de Interesse Público, do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais, com a série "A Última Fronteira", no ano de 2009. Casado há 43 anos, Gabi deixa, além da esposa, quatro filhas e uma neta.
Confira algumas declarações de profissionais da área da comunicação em Minas sobre Gabi Santos:
"Trabalhei com Gabi por 9 anos no Hoje em Dia, mas já o conhecia de coberturas de rua. Fui editora dele, e jamais encontrei alguém com tamanha dedicação. Era comum o Gabi ir pra casa e avisar que poderíamos chamá-lo de volta caso necessário. Sabíamos que era sincero e já mandamos carro na casa dele à noite para cobertura de uma rebelião. Ao adoecer, ele ficou triste por não poder trabalhar, preocupando-se com os colegas do jornal. Foi um profissional dedicado, cuidadoso com as informações e extremamente respeitoso com todos. Deixa saudade e bom exemplo."
Leida Reis, editora executiva do jornal Hoje em Dia
"Gabi Santos foi um repórter único, desses que a gente encontra cada vez menos. Capaz de apurar e relatar histórias como poucos. Sensível ao conversar com autores, vítimas e demais personagens das tragédias cotidianas da crônica policial, sem abusar, agredir ou desrespeitar o sofrimento alheio. Conciso e firme nas perguntas, atento aos detalhes e contradições de cada caso, de cada ocorrência. Este era o Gabi com quem trabalhei na equipe de reportagem policial do Diário da Tarde. O Gabi da fala apressada, dos passos rápidos, da caneta no bolso da camisa e do pacote de laudas dobradas no bolso de trás da calça jeans. O Gabi que chegava de repente e me convocava para ir atrás da notícia. “Vamos embora, Álvaro, tenho um caso aí que precisamos apurar."
Álvaro Fraga, subeditor do jornal Estado de Minas
Leida Reis, editora executiva do jornal Hoje em Dia
"Gabi Santos foi um repórter único, desses que a gente encontra cada vez menos. Capaz de apurar e relatar histórias como poucos. Sensível ao conversar com autores, vítimas e demais personagens das tragédias cotidianas da crônica policial, sem abusar, agredir ou desrespeitar o sofrimento alheio. Conciso e firme nas perguntas, atento aos detalhes e contradições de cada caso, de cada ocorrência. Este era o Gabi com quem trabalhei na equipe de reportagem policial do Diário da Tarde. O Gabi da fala apressada, dos passos rápidos, da caneta no bolso da camisa e do pacote de laudas dobradas no bolso de trás da calça jeans. O Gabi que chegava de repente e me convocava para ir atrás da notícia. “Vamos embora, Álvaro, tenho um caso aí que precisamos apurar."
Álvaro Fraga, subeditor do jornal Estado de Minas
"Vou me lembrar do Gabi pela gentileza, pela dedicação às pautas e pela paciência e entrega ao jornalismo. Sempre na rua... em muitas coberturas, tantas histórias. Me lembro de uma em especial, um crime na cidade de Arcos. Toda imprensa reunida. Esperamos mais de sete horas por um depoimento que só ele conseguiu. Não abandonou a delegacia para almoçar. Leal, seguiu até o restaurante para nos avisar que a fonte apareceu...Corremos atrás, amparados por ele. Sempre respeitou os "concorrentes", sem subestimá- los, sem os ignorar. Foi um grande colega. Companheiro das dores e delícias da profissão. Ensinava sem deixar de aprender. O jornalismo ficou mais triste."
Renata Nunnes, chefe de reportagem do jornal O Tempo
"Cinco pessoas me inspiraram muito na profissão e o Gabi é uma delas. Em 1978 entrei na editoria em que ele trabalhava no Diário da Tarde e aprendi lições muito importantes. O Gabi sempre dizia: tome cuidado quando o dia está muito calmo porque é sinal que vem tragédia e aprenda a esticar a notícia quando é necessário. Ele tinha um bom caráter e sempre sofria com as barreiras que a profissão impõe. É um cara que passa pela vida sem jamais prejudicar ninguém. Uma espécie que está em extinção. Fechamos mais uma página de um livro de poucos que são difereciados."
Eduardo Costa, jornalista da Rádio Itatiaia e TV Record
"Fizemos várias matérias bacanas juntos, a última foi o protesto na BR-381 na divisa entre Sabará e Santa Luzia. Ele precisava de informações sobre como estava a negociação entre manifestantes, policia e prefeitura. Ele pegou seu bloco de anotação colocou dobrado no bolso de trás da calça jeans e com o jeito mineiro 'fingiu ser integrante do movimento', entrou no meio de um grupo que estava ao lado da pista e de repente lá estava o Gabi com um documento com as reivindicações nas mãos e outro com as propostas do prefeito. Naquele momento o Gabi parecia o moderador do impasse. Era assim que ele era."
Marcelo Prates, editor de fotografia do Hoje em Dia
"Viajamos várias vezes juntos, mas me lembro de uma cobertura, em especial. Foi na década de 80, quandomorreu um jogador do Cruzeiro, o Roberto Batata. Nós fomos fazer a matéria e chegamos na estrada onde o jogador tinha morrido em um acidente de carro. Mas o carro, um chevete verde, não estava mais no local. Procuramos e encontramos em um depósito, perto de Lavras. Tive que pular o muro para fazer a foto e o Gabi ficou do lado de fora. Fui atacado por cachorros e o Gabi ficou rindo, me vendo sair com a calça toda rasgada. A matéria e a foto foram publicadas e a placa do carro saiu bem grande no jornal: AB 0106, me lembro até hoje. Todo mundo fez uma aposta com o número no jogo de bicho, menos nós dois. Todo mundo ganhou, menos nós. Quebramos as bancas da cidade (risos). Sempre vou me lembrar dele assim, um cara alegre e brincalhão. Essa é a lembrança que vou guardar dele. Perdemos um grande amigo e profissional."
Sidney Lopes, editor de fotografia do Estado de Minas
"Sem dúvida sou o seu colega mais antigo da imprensa mineira. Conheci o Gabi há 47 anos. Ele veio de Juiz de Fora para trabalhar no Diário de Minas. Depois ficou 28 anos no Diário da Tarde e Estado de Minas. Passou uma temporada em Lavras onde fundou um jornal, mas depois voltou para BH para trabalhar no Hoje em Dia. Nesse meio tempo ainda teve passagens por rádios. Era um profissional completo, seguro e muito respeitado em todo o meio. Nos últimos 20 anos lia um livro por dia, inclusive no período em que ficou hospitalizado. Uma pessoa muito boa, honesta e de muito conhecimento que vai fazer muita falta."
Leopoldo Oliveira, jornalista e amigo de Gabi
"A Polícia Militar e seus integrantes lamentam a morte do jornalista Gabi Santos, do Jornal Hoje em Dia, ocorrido neste sábado dia 19 de abril. Grande parceiro em coberturas policiais, o jornalista deixou registrado na imprensa mineira o seu estilo próprio, com a marca da tenacidade e do profissionalismo. A PM solidariza-se, neste momento, com familiares e amigos e deixa registrado seu sentimento de pesar."
Nota de pesar da Polícia Militar de Minas Gerais