Começa nesta terça-feira (18) o julgamento da delegada da Polícia Civil que se trancou em casa e fez uma live mostrando a negociação com policiais em novembro de 2023, no bairro Ouro Preto, na região da Pampulha, em Belo Horizonte. A ré responde por quatro tentativas de homicídio contra policiais civis por ter atirado durante intervenção dos agentes na sua residência.
Será a primeira audiência de instrução e julgamento da delegada. Serão ouvidas 16 testemunhas, no total, entre acusação e defesa. A sessão ocorrerá no 1° Tribunal do Júri Sumariante de BH, na avenida Augusto de Lima, 1.234, no Barro Preto.
A expectativa é que quatro vítimas sejam ouvidas e, se houver tempo, a delegada será interrogada presencialmente após todos os depoimentos. O Tribunal do Júri ressaltou que não haverá nenhuma decisão amanhã, somente as primeiras oitivas do processo.
O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) ofereceu denúncia contra a delegada em agosto de 2024, por ela ter atirado contra a porta, onde estavam os agentes das forças de segurança.
“A denunciada, agindo com dolo homicida, tentou matar os policiais civis no exercício da função e em decorrência dela, somente não consumando o crime por circunstâncias alheias a sua vontade”, diz o MP.
De acordo com o promotor Gustavo Augusto Pereira de Carvalho Rolla, a delegada se opôs à execução de ato legal, praticado pelos policiais civis, além de outros agentes públicos que os auxiliavam, mediante violência e grave ameaça, inclusive com o emprego de arma de fogo.
O promotor afirma ainda que “desde o início da abordagem, a denunciada insistia que não precisava de ajuda, porém demonstrava grande excitação e agressividade em seu comportamento, o que revelava, para as equipes atuantes, a necessidade de continuidade da ação”.
Assim, conforme a denúncia, foi necessário o empenho da Coordenadoria de Recursos Especiais da Polícia Civil (Core), diante do estado de animosidade da denunciada, associado ao fato de a denunciada estar na posse de arma de fogo”.
À tarde, ela saiu do apartamento com a arma em mãos, passou pelo hall do elevador e entrou na sala onde estava os policiais civis. Ela teria apontado a arma para os colegas e ameaçou atirar caso eles não fossem embora.
“A denunciada se aproximou de uma das vítimas e bateu com o armamento no escudo balístico operado por ele, momento em que outra vítima, utilizando-se de dispositivo eletrônico denominado spark, efetuou um disparo contra a denunciada, porém essa medida não foi eficaz”, diz o MP.
Na sequência, a denunciada efetuou disparo com a arma de fogo que portava na direção da primeira vítima, que, naquele momento, estava desarmado. “Não atingindo a referida vítima por erro de pontaria, já que o disparo acertou a parede próxima à qual se encontrava a vítima e a poucos centímetros da região de sua cabeça”, completa.
Ela teria retornado ao apartamento e desferido outros disparos em relação à equipe, também sem acertar ninguém.
Relembre o caso
A confusão envolvendo a delegada da Polícia Civil começou no dia 21 de novembro de 2023, quando ela iniciou uma live no Instagram mostrando o interior do seu apartamento enquanto negociava com policiais. Nas imagens, a mulher aparecia, inclusive, portando uma arma.
A policial disse que não queria voltar a trabalhar após denunciar supostos casos de assédio na instituição. Colegas foram ao apartamento acreditando que ela poderia colocar a própria vida em risco. Os agentes teriam sido recebidos a tiros, o que gerou toda a situação que se prolongou por mais de 33 horas.
Nas redes sociais, a delegada disse ter feito denúncias sobre os assédios. A servidora estava sendo investigada pela corregedoria da instituição e poderia ser exonerada. Segundo o porta-voz da PC, Saulo Castro, a policial era citada, na época, em quase dez processos.
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