1° Tribunal do Júri

Julgamento de delegada acusada de atirar em policiais durante live em BH começa nesta terça

Mulher irá responder por quatro tentativas de homicídio contra policiais civis

Do HOJE EM DIA
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Publicado em 18/03/2025 às 09:58.Atualizado em 18/03/2025 às 10:26.

Começa nesta terça-feira (18) o julgamento da delegada da Polícia Civil que se trancou em casa e fez uma live mostrando a negociação com policiais em novembro de 2023, no bairro Ouro Preto, na região da Pampulha, em Belo Horizonte. A ré responde por quatro tentativas de homicídio contra policiais civis por ter atirado durante intervenção dos agentes na sua residência.  

Será a primeira audiência de instrução e julgamento da delegada. Serão ouvidas 16 testemunhas, no total, entre acusação e defesa. A sessão ocorrerá no 1° Tribunal do Júri Sumariante de BH, na avenida Augusto de Lima, 1.234, no Barro Preto. 

A expectativa é que quatro vítimas sejam ouvidas e, se houver tempo, a delegada será interrogada presencialmente após todos os depoimentos. O Tribunal do Júri ressaltou que não haverá nenhuma decisão amanhã, somente as primeiras oitivas do processo. 

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) ofereceu denúncia contra a delegada em agosto de 2024, por ela ter atirado contra a porta, onde estavam os agentes das forças de segurança.  

“A denunciada, agindo com dolo homicida, tentou matar os policiais civis no exercício da função e em decorrência dela, somente não consumando o crime por circunstâncias alheias a sua vontade”, diz o MP. 

De acordo com o promotor Gustavo Augusto Pereira de Carvalho Rolla, a delegada se opôs à execução de ato legal, praticado pelos policiais civis, além de outros agentes públicos que os auxiliavam, mediante violência e grave ameaça, inclusive com o emprego de arma de fogo.

O promotor afirma ainda que “desde o início da abordagem, a denunciada insistia que não precisava de ajuda, porém demonstrava grande excitação e agressividade em seu comportamento, o que revelava, para as equipes atuantes, a necessidade de continuidade da ação”. 

Assim, conforme a denúncia, foi necessário o empenho da Coordenadoria de Recursos Especiais da Polícia Civil (Core), diante do estado de animosidade da denunciada, associado ao fato de a denunciada estar na posse de arma de fogo”. 

À tarde, ela saiu do apartamento com a arma em mãos, passou pelo hall do elevador e entrou na sala onde estava os policiais civis. Ela teria apontado a arma para os colegas e ameaçou atirar caso eles não fossem embora.

“A denunciada se aproximou de uma das vítimas e bateu com o armamento no escudo balístico operado por ele, momento em que outra vítima, utilizando-se de dispositivo eletrônico denominado spark, efetuou um disparo contra a denunciada, porém essa medida não foi eficaz”, diz o MP. 

Na sequência, a denunciada efetuou disparo com a arma de fogo que portava na direção da primeira vítima, que, naquele momento, estava desarmado. “Não atingindo a referida vítima por erro de pontaria, já que o disparo acertou a parede próxima à qual se encontrava a vítima e a poucos centímetros da região de sua cabeça”, completa. 

Ela teria retornado ao apartamento e desferido outros disparos em relação à equipe, também sem acertar ninguém. 

Relembre o caso

A confusão envolvendo a delegada da Polícia Civil começou no dia 21 de novembro de 2023, quando ela iniciou uma live no Instagram mostrando o interior do seu apartamento enquanto negociava com policiais. Nas imagens, a mulher aparecia, inclusive, portando uma arma. 

A policial disse que não queria voltar a trabalhar após denunciar supostos casos de assédio na instituição. Colegas foram ao apartamento acreditando que ela poderia colocar a própria vida em risco. Os agentes teriam sido recebidos a tiros, o que gerou toda a situação que se prolongou por mais de 33 horas.

Nas redes sociais, a delegada disse ter feito denúncias sobre os assédios. A servidora estava sendo investigada pela corregedoria da instituição e poderia ser exonerada. Segundo o porta-voz da PC, Saulo Castro, a policial era citada, na época, em quase dez processos.

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