(Elaine Calicchio/Divulgação)
A auxiliar de serviços gerais Aparecida Regina Del Lana Campos dos Reis, que há 10 anos acolhe e cria dezenas de cães, vive um drama desde que a Justiça mandou retirar os animais da casa onde mora, em Guaxupé, no Sul de Minas. No total, conforme a Associação Amiga dos Animais (AMA), a mulher tem 72 cachorros.
A decisão é do juiz João Batista Mendes Filho que, segundo a presidente da AMA, Márcia Calicchio, reconheceu como válida a reclamação de um vizinho, que se queixou dos barulhos provocados pelos cães.
De acordo com o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), o caso teve início em 2014. Na ocasião, o magistrado mandou recolher os animais e aplicar multa de R$ 250 por dia de descumprimento. Contudo, a proprietária dos cães recorreu e conseguiu liminar impedido a retirada dos cachorros.
No último dia 21, o mérito do pedido foi julgado e os desembargadores decidiram por retirar os cães da residência. Na decisão foi relatado que "a manutenção dos animais... afronta aos direitos de vizinhança e em ofensa as condições de higiene e salubridade para abrigamento dos animais".
Canil
Pela decisão, os cachorros terão que ser levados, nos próximos dias, para um canil da cidade. Contudo, Calicchio e a dona dos animais consideram que o espaço, construído no terreno do presídio da cidade, é pequeno e não tem condições de atender os animais.
"Lá só tem quatro baias pequenas, sendo que só a metade é coberta. Então bate sol e, dependendo da chuva, não irá proteger os cães", lamentou a presidente da AMA. Segundo ela, a ONG conseguiu um laudo veterinário informando que o canil não está apto para receber os animais.
Drama
Para tentar evitar que os animais sejam levados para o canil, 30 cachorros foram encaminhados para casas de moradores da região. Na terça-feira (29), um deles morreu durante a confusão. Outros 41 permanecem na residência da mulher, que trabalha na Prefeitura de Guaxupé.
"Estamos procurando uma chácara para alugar para que todos os cães fiquem juntos. Como não temos dinheiro, a dona terá que vender ou alugar a casa dela, no bairro Parque dos Municípios", detalhou Calicchio.
Ainda segundo a presidente da AMA, a servidora pública está desesperada e, nesta semana, não conseguiu ir trabalhar, pois só chora. "Ela tem o coração bom, recolhe cães na rua e muita gente abandona os animais na casa dela. Ela até retirou os móveis da residência para abrigar os cachorros", confidenciou.