Lama na periferia e cachoeira na praça do Eldorado

Ernesto Braga - Do Hoje em Dia
01/02/2013 às 10:38.
Atualizado em 21/11/2021 às 21:36
 (Frederico Haikal)

(Frederico Haikal)

De férias na escola, um grupo de amigos do bairro Darcy Ribeiro, na periferia de Contagem, Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), aproveita para se divertir. Como a maioria dos garotos, eles gostam muito de futebol. Sem uma área adequada para praticar o esporte, os meninos usam um campo de terra, rodeado de mato e lixo, junto a torres de distribuição de energia elétrica.

Distante dali, no Eldorado, perto do Centro, crianças se divertem na Praça da Glória. Revitalizado, o espaço tem ampla e arborizada área de recreação, academia ao ar livre e até cachoeira artificial. Os cenários completamente distintos são resultado de mais investimentos em uma parte da cidade, em detrimento de outra.

“É comum áreas urbanas mais estruturadas serem privilegiadas com investimentos para maximizar o que já existe. Mas o correto é descentralizar esses espaços, oferecendo à população inteira opções de lazer e de convivência, criando polos de vizinhança”, afirma o urbanista Sérgio Myssior, vice-presidente da seção mineira do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB-MG).

Disparidade

Em dia de chuva, resta às crianças do Darcy Ribeiro jogar bola na lama. “A gente participava de uma escolinha de futebol, três vezes por semana, mas o vereador que patrocinava o projeto perdeu a última eleição”, lamenta Émerson Rocha Andrade, de 13. Ele sonha se tornar atacante e ídolo do futebol.

Morador do Eldorado, o estagiário Hudson Souza, de 26, é um dos frequentadores da Praça da Glória. Ele reconhece que a região onde vive é uma das que mais vêm recebendo investimentos públicos. “Também temos um parque ecológico no bairro e a manutenção da praça é muito boa”. Para ele, só a educação deixa a desejar. “Acho que é preciso criar programas que façam com que as crianças fiquem mais tempo na escola, em vez de andar à toa na rua”.

Myssior ressalta que a descentralização de equipamentos públicos – como os espaços de lazer – e serviços de saúde e educação é prevista no Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado (PDDI) da RMBH, de 2010. “Serve para reduzir, por exemplo, a demanda por transporte público, recriando a convivência em comunidade que se perdeu nos grandes centros urbanos”.

 

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