Lavrador é preso em blitz e morre em cadeia após ser espancado

Carlos Calaes - Hoje em Dia
12/11/2012 às 06:49.
Atualizado em 21/11/2021 às 18:11
 (RICARDO BASTOS)

(RICARDO BASTOS)

O lavrador Vandir Nestor Rodrigues, de 33 anos, preso na tarde do último dia 8 com sintomas de embriaguez quando conduzia sua motocicleta, foi espancando, brutalizado e finalmente executado na madrugada de domingo (11) em uma cela superlotada no presídio do Palmital, em Santa Luzia, Região Metropolitana de Belo Horizonte. Laudo expedido pela Unidade de Pronto-Atendimento (Upa) São Benedito, onde Vandir foi socorrido, constatou a presença de hematomas e escoriações, além de sobrancelhas e tórax raspados.

A Subsecretaria de Administração Prisional(Suapi), responsável pelo presídio, informou que Vandir passou mal na cela sendo conduzido imediatamente ao posto médico, onde faleceu. As causas da morte serão investigadas pela Polícia Civil. A Unidade Prisional instaurou um procedimento interno para apurar o fato.

No domingo, no Instituto Médico-Legal de Belo Horizonte, familiares e a advogada da vítima não escondiam a revolta com o incidente. Segundo a advogada Jucilene dos Santos Magalhães, Vandir foi preso e mantido incomunicável. Seu paradeiro só foi descoberto depois que ele conseguiu passar um bilhete para outro advogado que esteve no presídio. Jucilene relata que, desde o dia 9 passado vinha tentando obter o relaxamento da prisão de Vantuir, sem sucesso por causa de entraves burocráticos.

Segundo ela, logo depois de saber da prisão, esteve na delegacia de Nova União, onde teve acesso ao Registro de Evento de Defesa Social (Reds). Depois, foi até o presídio do Palmital, onde tentou, sem sucesso, obter uma cópia do Auto de Prisão em Flagrante (APF) para ir ao plantão do Fórum obter o alvará de soltura.

Também no domingo, o promotor de Justiça de Santa Luzia, André Chiodi, reconheceu que o sistema de informatização apresenta falhas e precisa ser modernizado. Ele lamentou a morte do rapaz em virtude da demora na obtenção do alvará de soltura.

Ainda no IML de Belo Horizonte, onde aguardavam para reconhecer e liberar o corpo, Jucilene informou que a família irá acionar o Estado pela morte de Vandir. “O filho do Eike Batista estava bêbado, atropelou, matou e foi liberado. O Vandir, por ser pobre, podia ter morrido na cadeia e ninguém ficar sabendo”.
 

Suapi justifica

Em nota, a Subsecretaria de Administração Prisional (Suapi) informou que o preso teria passado mal na cela em que se encontrava e foi conduzido, imediatamente, por agentes penitenciários, ao Posto de Atendimento Médico São Benedito, onde faleceu.

Ainda de acordo com a Suapi, foi instaurado um procedimento interno para apurar o fato e as causas da morte serão investigadas pela Polícia Civil. 

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